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Arafat deixa seu QG em Ramallah
Do Diário OnLine
Com Agências
02/05/2002 | 12:20
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O líder palestino Yasser Arafat, 72 anos, saiu nesta quinta-feira de seu quartel-general de Ramallah, na Cisjordânia, pela primeira vez desde o início do cerco imposto pelo Exército de Israel no dia 29 de março. Cercado por cerca de 200 palestinos, que faziam o "V de vitória", ele entrou em um carro seguido por vários jipes com guardas palestinos.

Ao deixar o QG, Arafat denunciou o "racismo e fascismo" que caracteriza o primeiro-ministro Ariel Sharon. "É racismo, é fascismo", declarou o líder palestino, ao constatar os danos cometidos pelo exército israelense na cidade de Ramallah.

Arafat comparou as incursões israelenses em Jenin às ocupações no Líbano, quando Sharon era ministro da Defesa, e à batalha de Stalingrado na Segunda Guerra Mundial. Os palestinos acusam os israelenses de realizar um "massacre" de centenas de pessoas em Jenin, o que Israel nega energicamente.

Arafat criticou ainda o cerco à Igreja da Natividade, em Belém, chamando os israelenses de "terroristas". "É inaceitável. (...) O mais importante não é o que aconteceu comigo, mas o que acontece na igreja".

A igreja, considerada o local do nascimento de Jesus Cristo pelos cristãos, está cercada desde 3 de abril. Nesta quarta, foram registrados dois incêndios em decorrência de tiroteios na região.

Acordo — A retirada das tropas israelenses do QG de Arafat aconteceu depois que o líder palestino entregou a autoridades americanas e britânicas seis palestinos que estavam na mira de Israel.

Quatro dos seis prisioneiros que foram enviados a Jericó foram condenados pelo assassinato do ex-ministro israelense do Turismo Rehavam Zeevi, morto em um hotel de Jerusalém em outubro do ano passado. Os outros dois são acusados de crimes contra Israel: um deles estaria envolvido com o contrabando de 50 toneladas de armas apreendidas em janeiro no Mar Vermelho e outro seria líder de uma organização terrorista.

Apesar do fim do confinamento, a liberdade de Arafat está limitada. Nesta quarta, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, afirmou que não garante o retorno do líder palestino à Cisjordânia caso ele viaje ao exterior.

"Não nos pediram garantias, e não vamos dar nenhuma porque das outras vezes, quando ele ia embora, era sempre um sinal de uma onda terrorista", afirmou Sharon em entrevista à rede ABC. No entanto, Arafat deixou claro que não tem intenção de viajar ao exterior.

Situação precária — Após a saída do líder palestino, a imprensa teve acesso ao quartel-general onde ficou confinado Arafat por mais de um mês. O imóvel está totalmente destruído. Imagens de agências internacionais mostram que parte do forro caiu e as paredes estão parcialmente destruídas.

O local serviu de refúgio a Arafat e outros militantes internacionais durante mais de um mês, enquanto tropas israelenses cercavam o prédio e limitavam o abastecimento de alimentos. Confinado sem água ou energia elétrica, Arafat recebeu poucas visitas, entre elas do secretário de Estado americano, Colin Powell.

Durante o período, um integrante do Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) chegou a ficar dentro do QG de Arafat. O gaúcho Mario Lill deixou o prédio no dia 22 de abril e já retornou ao Brasil.

Israel deu início ao cerco a Arafat em retaliação a um atentado ocorrido em 27 de março em um hotel de Netanya, ao norte de Tel Aviv. Na ocasião, um homem-bomba palestino causou a morte de 19 pessoas e deixou outras 172 feridas.




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