No interior da Casa, a maioria governista divide-se em dois grupos. O primeiro acha preferível o impeachment à aprovaçao da CPI, por medo de ser atingido pelos respingos que seriam provocados pelas investigaçoes sobre o lamaçal revolvido por Nicéa. O segundo bloco, ainda mais prudente, esforça-se para evitar ambas as propostas.

Se nos bastidores da Câmara observa-se uma ampla movimentaçao de bastidores, do lado de fora as manifestaçoes ainda sao tímidas. De qualquer maneira, comenta o vereador José Eduardo Martins Cardozo, líder do PT, "o clima está quente e a indignaçao é geral".

Para o vereador Nelson Proença, do PPS, a chamada CPI da Propina só foi instaurada no ano passado quando a pressao popular atingiu uma temperatura considerada insuportável pela bancada governista. "Uma vereadora da situaçao chegou a receber duzentos telefonemas dos seus eleitores exigindo que ela votasse pela formaçao da CPI", conta Proença. Desta vez, porém, o entusiasmo da populaçao é menor, segundo ele.

"Nao temos força para virar maioria. A pressao tem que vir de fora", diz o parlamentar. Sao 23 os vereadores de oposiçao, e o número de votos necessário para aprovaçao é 28. De acordo com Proença, no máximo mais dois votos serao conquistados esta semana, possivelmente vindos do PL. "Fora da pressao popular, nao vejo muita perspectiva", afirma o vereador.