Em um artigo publicado nesta quinta-feira na revista britânica Nature, os cientistas Naohiro Koshiya e Jeffrey Smith, do Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, demonstraram que a atividade rítmica espontânea de um grupo de neurônios engendra os movimentos respiratórios.

Os dois cientistas realizaram um estudo da regiao central do cérebro chamada complexo pré-Botzinger, cujo papel na respiraçao foi identificado recentemente. O estudo em proveta desta parte do cérebro permitiu esclarecer o papel e as interaçoes dos diferentes neurônios implicados no ritmo respiratório.

Os neurônios, células especializadas na transmissao das informaçoes, se comunicam por meio de fenômenos elétricos. Esta ativaçao se realiza pois somente quando há uma mensagem que deve ser transmitida.

Os neurônios que controlam a respiraçao têm a particularidade de funcionamento sem interrupçao. Possuem nao somente a capacidade de gerar uma atividade elétrica rítmica, mas também a de mantê-la de maneira espontânea. Esta propriedade, denominada "pacemaker", permite respirar sem necessidade de pensar nisso.

Outras células nervosas completam a tarefa desses primeiros neurônios para formar uma verdadeira rede de comunicaçoes. Sua funçao é conectar os neurônios "pacemaker" entre si e sincronizá-los. Além disso, parecem intervir em suas características elétricas de forma que consigam modular a freqüência do ritmo da respiraçao.

Para poder observar os diversos neurônios, os dois cientistas, que trabalharam com cérebros de roedores, utilizaram colorantes. Koshiya e Smith pretendem agora explorar esta técnica a fim de aprofundar seus conhecimentos sobre os mecanismos celulares da respiraçao 'ao vivo'.