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Crise do petróleo pede cautela
Do InvestShop.com
17/09/2000 | 21:07
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Engana-se quem pensa que a atual crise do petróleo significa elevaçao apenas no preço dos combustíveis. Se o valor do barril continuar subindo, o consumidor deve esperar uma série de aumentos, desde plásticos, que usam o petróleo como matéria-prima; passando pela energia elétrica, que utiliza o diesel; até alimentos, que precisam do combustível para serem transportados. Na prática, isso significa que estamos prestes a atravessar uma época de vacas magras, em que financiamentos, parcelamentos de dívida e grandes planos como a compra de um imóvel ou a troca de carro devem ficar para mais tarde.

"O brasileiro nao tem mais como enxugar seus gastos. Há algum tempo estamos convivendo com a alta da inflaçao, portanto, nao existem mais supérfluos a serem cortados. O mais importante nesse momento é evitar contrair dívidas para tentar compensar as perdas que devem acontecer com a inflaçao. Dessa forma, será possível evitar uma queda abrupta na qualidade de vida", afirmou o consultor financeiro e analista econômico Louis Frankenberg.

Entretanto, segundo analistas, nao deve haver aumentos até o fim do ano. "Quase tudo que consumimos é direta ou indiretamente ligado ao petróleo, mas um aumento generalizado nao deve acontecer imediatamente. Há uma grande vontade política de se conter a alta de preços. Afinal, nao podemos esquecer que estamos em ano de eleiçoes municipais e é interesse do governo eleger seus candidatos", explicou Luís Carlos Ewald, consultor econômico e professor do Departamento de Economia da PUC-Rio.

De acordo com Ewald, o consumidor deve estar preparado para otimizar seus gastos para evitar o impacto que deve ser causado pela alta dos combustíveis. "As pessoas estao com pouco dinheiro e isso deve frear um pouco o consumo. A diminuiçao do poder de compra deve absorver o aumento da gasolina e ter um impacto menor sobre a inflaçao", disse.

Segundo Marcos Silvestre, do Forex - Centro Brasileiro de Orientaçao de Finanças Pessoais, é pequena a probabilidade de que os aumentos aconteçam antes de 15 de novembro. "Essa é uma questao muito mais política do que econômica. Depois do segundo turno das eleiçoes, será viável uma elevaçao de preços, o que pode comprometer as metas inflacionárias. O maior impacto será, sem dúvida, na inflaçao", acredita. No entanto, até agora, os aumentos ainda nao foram absorvidos. O Indice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto registrou inflaçao de 1,31%, uma queda de 0,3 ponto percentual em relaçao ao mês anterior.

Mas, o que vem por aí? "Se a situaçao continuar como está, no fim do ano ou no início de 2001 verificaremos aumentos nas passagens de ônibus, nos combustíveis, plásticos, alimentos, vestuário, gás de cozinha e eletricidade, entre outras elevaçoes de preço meramente especulativas", disse Silvestre.

Rui da Costa Quintans, coordenador do MBA em Energia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), do Rio de Janeiro, nao acredita que a crise possa ser similar à da década de 70. "Hoje nao enfrentamos uma crise de produçao, como naquela época. Passamos por um conflito de interesses. Na verdade, nosso petróleo é suficiente para suprir a demanda e acredito que o Brasil se torne auto-suficiente em um prazo de três a quatro anos. Mas, até lá, certamente sofreremos algum tipo de impacto inflacionário. Acredito que haverá uma reduçao de preços gradual, mas isso só será realidade no ano que vem."




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