O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, evitou falar a respeito do futuro da taxa básica de juros do país no discurso que realizou nesta terça-feira em Berlim (Alemanha). Segundo Bernanke, os países precisam trabalhar em conjunto para corrigir os “desequilíbrios” no comércio e nos investimentos mundiais.

De acordo com o presidente do Fed, os “desequilíbrios globais” são reflexo de déficits na balança comercial freqüentes, caso dos Estados Unidos, enquanto países exportadores de petróleo, como a China, não enfrentam esse tipo de problema.

O texto, de teor muito acadêmico, deve decepcionar os mercados financeiros, que esperavam indicações sobre a decisão do FOMC (Comitê de política monetária do Fed), que se reúne no próximo dia 18. Atualmente, a taxa de juros norte-americana está em 5,25% ao ano.

Em seu discurso, Bernanke destacou que as taxas reais de juros (no mundo) “recuperaram parte das desvalorizações passadas”, desde suas últimas declarações sobre o assunto, formuladas em março de 2005.

”Por exemplo, nos Estados Unidos, os rendimentos reais da dívida pública indexada à inflação foram em média de 2,3% em 2006, comparados com 1,85% em 2004. Nas últimas semanas, esse rendimento se situou em média em 2,4%. Os rendimentos ajustados com a inflação em outros países também registram altas, depois das quedas em 2005.”

A reserva de Bernanke em abordar os temas da atualidade provavelmente deixou os mercados decepcionados, que apostavam numa redução de entre 0,25 e 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros do Fed. Tradicionalmente, o “BC” dos EUA sempre dá indicações com antecedência sobre as diretrizes que pretende adotar para não deixar os mercados desprevenidos.