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Habitantes de Bagdá liberam seu ódio contra Saddam Hussein
Da AFP
09/04/2003 | 14:59
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"Ditador", "torturador" e "traidor" são alguns dos termos que começaram a utilizar nesta quarta-feira os habitantes de Bagdá para se referir a Saddam Hussein após a entrada das tropas americanas no centro da cidade, liberando o ódio que contrasta com o temor que persistia até há algumas horas diante da simples menção do nome do presidente iraquiano.

"Estamos felizes de nos livrarmos dele (Saddam Hussein) após anos de guerra e privações", afirma Dinja Josina, um cristão assírio que se uniu a outras centenas de iraquianos para saudar, à beira de uma avenida na entrada norte de Bagdá, as caravanas de soldados americanos que se dirigem ao centro da cidade.

Alguns jovens tiram as camisas e as agitam para as tropas americanas enquanto os outros gritam em inglês "welcome, welcome" (bem-vindos). "É o melhor momento da minha vida depois de 11 anos de serviço militar por causa de todas as guerras que nos envolveu Saddam", garante Ayub, que prefere não dar seu nome completo.

Yaser, um ex-membro dos serviços de segurança, afirma ter passado sete anos de medo na prisão "por ter sido falsamente acusado de roubo de armas". Yaser foi libertado graças à última anistia decretada pelo presidente iraquiano em outubro de 2002, mas não esquece os anos de sua vida passados entre as grades. "Saddam não tinha piedade de seu povo. Nos torturava", garante.

No bairro dos ministérios no norte da capital, onde a entrada das tropas americanas foi seguida por saques em grande escala, um jovem com roupas desgastadas grita alegremente "Saddam já não está, Saddam já não está".

Para Riad, 28 anos, Saddam Hussein, que não dá sinais de vida desde segunda-feira, "é um covarde que traiu seu próprio povo". "Não nos deu nada, exceto as guerras e o embargo", queixa-se Qassem, 54 anos. "Com os americanos estaremos bem", estima.

Mohammad Wali, 40 anos, mostra a um correspondente um braço mais curto que outro por causa de um ferimento na guerra de oito anos contra o Irã, iniciada em 1980 pouco depois de Saddam Hussein assumir o poder. "Também tenho cicatrizes nas pernas", garante. Para Mohammad, "Saddam era o ditador de todos os iraquianos".

"Queremos o (presidente americano George W.) Bush, não queremos Saddam Hussein. Temos fome", diz um adolescente ao ver um veículo trazendo jornalistas a bordo.

Ao lado, um exército de saqueadores esvazia os ministérios do Petróleo e Irrigação e a sede do comitê olímpico iraquiano. Os saqueadores carregam móveis, computadores e ventiladores em caminhonetes estacionadas na entrada dos ministérios.

Alguns homens carregam caixas nos ombros, outros rebocam veículos ministeriais. Perto dali, no bairro de Zaiuna, grupos de jovens agitam bandeiras brancas para mostrar suas boas intenções, passando pelos soldados americanos que assumiram o controle do quartel-general dos fedayeens de Saddam, um corpo militar dirigido pelo filho mais velho de Saddam.




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