Desta vez, Adriana optou pela simplicidade. Não chega a ser minimalista, mas cada som é justo em sua função. E o silêncio é valorizado, funcionando como importante elemento da música.

“A opção pela simplicidade não é novidade, mas um desenrolar do meu trabalho. Depois de fazer um trabalho extremo, de voz e violão, decidi seguir nessa trilha e não ir para o oposto”, diz Adriana.

A gaúcha afirma que fazer Cantada foi um processo angustiante: “Não é possível fazer um trabalho sem angústia. As dúvidas é que me movimentam. É isso que me interessa. O que já se tem certeza, para mim não tem graça”.

Adriana não ficou sozinha nesse processo de criação. Ramiro Musotto levou uma parafernália de instrumentos de percussão ao estúdio. Alguns até inusitados, como tornozeleira indiana, peteleco de Bendir e cinzeiro de prata. “Ele usou coisas marroquinas e africanas, mas não sei detalhar cada um. Só os escolhi pelos timbres”, afirma.

Daniel Jobim, que a princípio só participaria de Noite, acabou pondo piano e voz a serviço de Music, releitura do hit de Madonna. No total, tocou em quase metade do disco.

Moreno + 2 participou na primeira faixa, Programa. Los Hermanos, em A Mulher Barbada, e Bossacucanova, em Jornal de Serviço. Pelos Ares é tema da novela O Beijo do Vampiro, e a faixa-título deve agradar muito o grande público pela delicadeza e linguagem acessível. É um disco que deve fazer a alegria sobretudo de quem gosta de boa voz e boa música.