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Filho de Jango acusa amigo de seu pai de ser agente duplo
Do Diário do Grande ABC
06/06/2000 | 18:47
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O filho do ex-presidente Joao Goulart, Joao Vicente Goulart, afirmou nesta terça-feira, em depoimento à comissao externa da Câmara que apura as circunstâncias da morte de Jango, que do início do exílio, em 1964, até sua morte, em 1976, seu pai sabia que sua vida esteve em constante risco. "Meu pai era patrulhado e sabia disso", afirmou Joao Vicente, citando o nome de Enrique Foch Diaz Vasquez como um dos agentes dessa patrulha. Diaz era amigo de Jango que, segundo Joao Vicente, forneceu a seu pai informaçoes sobre movimentaçoes dos governos latino-americanos durante o exílio. "Desconfio que ele era um agente duplo", disse.

Na semana passada, Diaz afirmou no Uruguai que sócios de Jango, Cláudio Braga e Ivo Magalhaes, furtaram documentos e açoes do ex-presidente depois de sua morte. Diaz sustentou que o ex-presidente foi assassinado por agentes a serviço da Operaçao Condor (movimento de intercâmbio dos governos ditatoriais da América Latina).

Para Joao Vicente, Diaz deu a entrevista para "aparecer". A suspeita de Joao Vicente sobre a condiçao de "agente duplo" de Diaz vem do fato de o empresário ter se aproximado de Jango quando lhe vendeu um terreno no Uruguai, em 1965, e ter, segundo o filho do ex-presidente, "acabado a amizade com uma traiçao", ao denunciar, em 1973, que o piloto de Jango, Ruben Rivero, seria membro do movimento Tupamaro (guerrilha uruguaia), o que nao se confirmou. Joao Vicente apresentou o nome de Rivero como possível testemunha do caso.

"Além disso, em contatos com meu pai, Diaz dava informaçoes muito precisas sobre as movimentaçoes dos governos latino-americanos", disse. Para o relator da comissao, deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), "nao há dúvidas" de que Diaz seria um "agente duplo". "Se ele tinha tantas informaçoes para fornecer a Jango, tinha de ter ligaçoes com os governos", afirmou o deputado. Segundo Miro, o depoimento de duas horas dado à comissao por Joao Vicente forneceu um mapa para nortear as investigaçoes.

Ele ainda analisou que as Forças Armadas brasileiras foram responsáveis pelo fornecimento de armas, caminhoes e treinamento de pessoal das Forças Armadas uruguaias, que deram o golpe militar em 1973 e disse que autoriza a exumaçao do corpo de seu pai, mas pede que os parlamnetares tenham cuidado com a idoneidade dos legistas que possam ser escolhidos.




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