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Mães compartilham os desafios de terem filhos especiais

Com crianças que têm deficiências e limitações, elas vivem rotinas permeadas por lutas e incertezas

Tatiane Pamboukian
11/05/2025 | 08:02
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FOTO: Celso Luiz/DGABC

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A maternidade é uma jornada desafiadora para a mulher, que precisa conciliar as demandas do dia a dia com a responsabilidade de criar outro ser humano. A sobrecarga dessa missão se torna ainda maior para mães atípicas, que têm filhos com deficiências e limitações. Neste Dia das Mães, o Diário relata as rotinas destas mulheres no Grande ABC, com suas lutas e renúncias, mas também alegrias, representando a luta de tantas outras mães especiais.

A assistente social são-bernardense Juraci Gonçalves da Silva Badô, com 46 anos completados neste Dia das Mães, é genitora de Josué Gonçalves Badô, 13, diagnosticado com deficiência intelectual e autismo. Ela convive com a culpa de não poder fazer mais pelo filho, devido às limitações financeiras e de tempo, além de sentir as consequências de quem precisou se negligenciar. 

“Preciso trabalhar para não passarmos necessidade. Com isso, não consigo oferecer as terapias que o Josué precisa para poder se desenvolver. É uma luta interna, porque, mesmo com tudo que faço, ainda carrego a culpa por não poder me dedicar 100% ao meu filho. Tenho ainda uma filha de 10 anos, a Esther, que acaba recebendo menos atenção do que precisa. Meu marido me ajuda bastante, mas dentro do possível, pois é deficiente visual”, compartilha a mãe. 

Juraci conta que orgulha-se do “coração genuíno e puro” do filho, mas em sua admiração também está seu maior medo. “Ele é ingênuo, tem a mente de um menino de 7 anos, e não tem maldade, apesar de seu 1,76 metro. Por isso, tiram sarro dele na escola, onde foi agredido recentemente. Teve que passar por uma cirurgia e isso mexeu muito com seu psicológico. Ele está depressivo e há dois meses não quer ir para o colégio”, lamenta. “Existe muita discriminação e julgamento disfarçados de falsa inclusão”, desabafa.

A andreense Luana dos Santos Ferreira Luz, 26, acabou abrindo mão da faculdade de Pedagogia para dedicar-se integralmente ao Miguel Luz Corrêa, 7, de quem engravidou aos 17. O menino é autista não verbal e todos os dias precisa ir a terapias. “Tenho ainda gêmeas que fizeram 2 anos. O Miguel faz quatro horas de terapia por dia. Ele precisa disso para aprender coisas do dia a dia, como colocar uma roupa, tomar banho e escovar os dentes, porque ele não sabe. Meu filho já está no segundo ano da escola e não sabe nem ler nem escrever, e isso para mim é muito triste”, afirma. “A terapia ajuda muito, ele não usa mais fralda e melhorou a seletividade alimentar”, conta. Luana define como é a maternidade especial: “Ter um filho especial te condena a viver uma vida inesperada. Ter filhos já é difícil, mas quando ele é especial, você tem que fazer muitas escolhas”, diz. 

A letróloga de São Bernardo, Elaine Cristina Batista, 54, é mãe de Maria Fernanda Gomes da Silva, 17, que possui deficiência intelectual. Ela já tinha Julio Gabriel Gomes da Silva, 20, quando recebeu a notícia, ainda na gestação, de que teria uma filha atípica. “Ela não fez nada dentro do medidores esperados (<CF51>andar, falar, etc.. Foi difícil lidar com minha ansiedade e esperar o tempo dela. Tive que parar de trabalhar, porque nos primeiros anos a terapia é importante para o desenvolvimento. Hoje ela fala e é alfabetizada, faz dança e natação”, relata. “Ser mãe atípica me mudou como mulher, sou muito mais combativa na luta pelos direitos das pessoas que a sociedade torna invisíveis”, completa.




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