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Ao longo de todo o ano, o Sesc promove ações que reconhecem e valorizam a força, a beleza e a centralidade das culturas afro-brasileiras No entanto, a programação de maio do Sesc Santo André ganha contornos especiais, reunindo uma série de atividades que reforçam o compromisso com a valorização das expressões negras e o enfrentamento ao apagamento histórico. Em um momento em que se torna cada vez mais urgente discutir reparação, justiça e pertencimento, as ações propõem encontros potentes entre ancestralidade, resistência e criação.
Um dos destaques é o bloco especial AQuilombando - Juntos dá Samba, que acontece no dia 14 e reúne feira, roda de conversa e show em uma sequência que propõe pensar o 13 de maio para além da abolição formal da escravidão. A partir das 17h, a Feira AQuilombando traz expositores negros e produtos que refletem a riqueza das tradições afro-brasileiras. Às 19h, o bate-papo 13 de Maio em Debate convida o público à reflexão crítica com vozes femininas negras e o grupo Juntos dá Samba, que encerra a noite com um show marcado pela ancestralidade do samba e sua conexão com os orixás, as matriarcas e a oralidade sagrada. Será uma noite de enaltecimento, mas também de consciência, onde o samba se afirma como expressão política e espiritual do povo negro.
Essa valorização da história e da resistência negra também se manifesta na exibição do documentário A Carta de Esperança Garcia, no dia 16 de maio, que resgata a voz de uma mulher negra escravizada no século XVIII e a reposiciona como símbolo de luta por direitos civis. Com linguagem sensível e estrutura potente, o filme conecta passado e presente na denúncia do racismo estrutural. Ao longo do mês, oficinas artísticas ministradas por Bruno Perê propõem experiências criativas a partir de técnicas de estêncil e serigrafia, abordando símbolos dos orixás, grafias ancestrais e brinquedos inspirados na cultura africana. São atividades que unem arte urbana, espiritualidade e saberes tradicionais em processos de criação coletiva e pertencimento.
O espetáculo Jabuti, da Cia Orí Olá, acontece aos domingos e convida o público a mergulhar em narrativas ancestrais cheias de encantamento, humor e sabedoria. Inspirada na tradição oral iorubá e ambientada à sombra da árvore sagrada Irôko, a peça apresenta um grupo de jabutis que, com leveza e poesia, narram histórias herdadas de seus avós e bisavós. Ao abordar temas como ancestralidade, convivência comunitária e intolerância religiosa, o espetáculo não apenas diverte, mas provoca reflexão e respeito pela pluralidade das culturas africanas, plantando sementes de consciência desde a infância.
A programação de maio, diversa e profundamente conectada às raízes africanas do Brasil, convida o público a se aproximar e a reconhecer nas práticas negras não apenas heranças, mas caminhos possíveis para pensar o presente e construir futuros mais justos, plurais e enraizados em memória e dignidade. Toda a programação é gratuita e livre para todos os públicos.
Programação:
AQuilombando Juntos dá Samba – Feira
O 13 de maio em debate
Expositores afro reforçam o compromisso com a valorização da diversidade cultural e a promoção da representatividade em feira que traz para o público produtos, roupas, adereços com a narrativa e saberes que refletem a riqueza das tradições afro-brasileiras, além de fomentar a economia criativa, a iniciativa contribui para a preservação da memória e da ancestralidade africana no Brasil.
Dia 14/5, quarta, das 17h às 22h
Área de Convivência
Livre - Autoclassificação
Grátis - Sem retirada de ingressos.
AQuilombando Juntos dá Samba – Bate-papo
O 13 de maio em debate
Partindo do fatídico 13 de maio, marco da abolição da escravidão, o samba é reconhecido como embaixador cultural. Veio da África para o Brasil carregando tambores, ritmos, costumes e tradições, sendo ressignificado de forma afro-brasileira. No dia 14 de maio, será enaltecida essa herança com uma grande kizomba, por meio da roda de conversa com Luana Bayo, Leila Maria de Oliveira e o grupo Juntos dá Samba.
Dia 14/5, quarta, das 19h às 20h
Área de Convivência
Livre - Autoclassificação
Grátis - Sem retirada de ingressos.
AQuilombando Juntos dá Samba - Show
Com Juntos dá Samba
Para abrilhantar essa grande kizomba, teremos o show do Juntos da Samba, grupo conhecido por sua energia contagiante e repertório que proporciona nas músicas autorais e de domínio público, uma experiência que une música, história e celebração.
Dia 14/5, quarta, às 20h
Área de Convivência
Livre - Autoclassificação
Grátis - Sem retirada de ingressos.
Cinema
A Carta de Esperança Garcia
Dir: Victória Álvares, Quentin Delaroche, PI/BR, 2023, 105 min, 12 anos
Esperança Garcia foi uma mulher negra escravizada que, em 1770, escreveu uma carta denunciando abusos ao governador da capitania. Esse ato se tornou símbolo da resistência negra e luta por direitos civis no Brasil. Descoberta em 1979, a carta ecoa como um grito de justiça e dignidade. O documentário mostra a realidade atual nos quilombos e nas cidades, propondo uma reflexão profunda. Uma obra que honra a força ancestral e a resistência do povo negro.
Dia 16/5, sexta, às 13h
Teatro
Não recomendado para menores de 12 anos - Classificada oficialmente pelo Ministério da Justiça
Oficinas - Tecnologias e Artes
Cartazes com Silk Estêncil
Com Bruno Perê
Silk estêncil para da junção da técnica de serigrafia com a de estêncil. Inspirado na técnica usada nos posteres de Chicha do Perú, uma técnica de serigrafia que usa o estêncil para reproduzir uma tiragem de posteres personalizados. A partir da técnica do estêncil e a linguagem do Lamb Lambe de arte urbana, o participante vai criar uma tiragem de gravuras em serigrafia.
Dia 17/5, sábado, às 14h
Espaço de Tecnologias e Artes
Livre - Autoclassificação
Grátis - Inscrições gratuitas no local com 30 minutos de antecedência.
Oriki: Grafias Ancestrais
Com Bruno Perê
Nesta oficina, exploramos o estêncil como uma forma de homenagear os Orixás e conectar-se com a ancestralidade africana através da arte urbana. Inspirados pela filósofa e poéticas de Orikis - saudações que exaltam e conversam com os Orixás e ancestrais - os participantes aprenderão a criar estênceis que capturam símbolos e traços dos Orixás, como o machado de Xangô e a espada de Ogum ou as ondas de Iemanjá.
Dia 31/5, sábado, às 14h
Espaço de Tecnologias e Artes
Livre - Autoclassificação
Grátis - Inscrições gratuitas no local com 30 minutos de antecedência.
Afroconstruir
Com Bruno Perê
Trazendo o símbolo adinkra "Sankofa" ou o instrumento musical "kabuletê", as oficinas propõem a construção manual de brinquedos de madeira, contando suas histórias e ligações ancestrais com as africanidades dentro e fora do Brasil.
De 8 a 18/5, quintas e domingos, às 16h. Exceto dias 8/5 e 15/5
Espaço de Tecnologias e Artes
Livre - Autoclassificação
Grátis - Inscrições gratuitas no local com 30 minutos de antecedência.
Teatro
Jabuti
Com a Cia Orí Olá
O espetáculo apresenta quatro jabutis contadores de histórias à sombra da árvore sagrada Irôko. Eles relembram contos ancestrais do povo Iorubá, ancorados na tradição oral africana. Através da oralidade, o grupo valoriza a memória e a sabedoria ancestral como tecnologia viva. A peça convida crianças, jovens, famílias e educadores a mergulhar na pluralidade africana. Traz reflexões sobre ancestralidade, vida em comunidade e intolerância religiosa. Um espetáculo afro-referenciado que ensina, encanta e provoca o imaginário.
De 4 a 25/5, domingos, às 16h
Teatro
Livre - Autoclassificação
A unidade fica na rua Tamarutaca, 302 – Vila Guiomar
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