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Livro desvenda os santos
Ricardo Ditchun
Do Diário do Grande ABC
02/01/2003 | 17:56
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Livro sobre santos, simpatias e orações. O tema fascina até descrentes, ateus, cépticos, pirrônicos e agnósticos. Permite, no mínimo, a possibilidade de conhecer um pouco mais a respeito do modo de pensar dos crentes em geral. Para estes ou aqueles, a dica deliciosa e irresistível é O Livro das Graças (Publifolha, 144 págs, R$ 22), da jornalista Carolina Chagas. Participam da obra as artistas Monica Schoenacker (ilustrações) e Inês Zaragoza (relicários).

A fé é, para boa parte da humanidade, uma necessidade fundamental. Em países de maioria católica, como o Brasil, um sem-número de solicitações são feitas diretamente aos santos, seres considerados iluminados e, por isso, capazes de satisfazer carências relacionadas a assuntos como amor, saúde, finanças e trabalho.

Por aqui, entre os mais venerados estão Nossa Senhora Aparecida, São Francisco, Santo Antônio, São Benedito, São Cristovão, Santa Clara, Santo Expedito, São Sebastião, São Longuinho, São Pedro, Nossa Senhora das Dores, São Cosme e Damião, Santa Edviges, Nossa Senhora Desatadora dos Nós, Santa Luzia, São Jorge, São Judas Tadeu, Santa Rita de Cássia e São João. Madre Paulina, a primeira santa brasileira – foi canonizada em maio do ano passado pelo para João Paulo II –, também está representada. Resolver problemas de saúde seria a sua 'especialidade' mais notória.

Outro aspecto positivo do livro é seu prático formato (14cm x 14cm), sua diagramação que o aproxima de uma publicação de caráter religioso e as imagens (das ilustrações e dos relicários) que acompanham cada pequena biografia dos santos e explicações necessárias para a obtenção de graças.

A página dedicada a Santa Edviges, por exemplo, informa que esta é uma conhecida protetora dos pobres e endividados. Coisa bastante útil, portanto, em tempos economicamente bicudos.

Nascida rica em 1174, em algum lugar atualmente ocupado pela Alemanha, Edviges casou jovem e teve sete filhos. Com o marido, também abastado, construiu hospitais, sanatórios e o mosteiro de Trebnitz (atual Polônia). Quando os filhos casaram, ela abandonou a vida burguesa e se juntou às freiras descalças de Trebnitz para somente cuidar dos pobres, doentes e necessitados.

Feita a apresentação, segue-se a explicação da simpatia para acabar com as dívidas. Na lua nova que anteceder o dia de Santa Edviges (16 de outubro), a pessoa interessada deve pegar um saco de algodão branco (60cm de altura) e, na manhã da sexta-feira da lua (7h), colocar dentro do saco sete moedas (qualquer valor). Depois, fazer sete nós na boca do saco e deixá-lo em um canto escondido de sua casa. É importante que o saco somente seja visto pelo autor da simpatia.

O passo seguinte é comunicar a Edviges que o saco só sairá daquele local no momento em que aparecer o dinheiro necessário para o pagamento da dívida. Quando isso acontecer, o saco tem de ser abandonado em um cemitério, perto de uma cruz alta. Nesse instante, o pedinte deve sair rezando o Pai-Nosso e a Ave-Maria (sete vezes cada).

As duas orações estão reproduzidas no livro, assim como um calendário dos santos. Nesta sexta, por exemplo, é possível fazer pedidos a Santa Genoveva, padroeira da capital francesa, Paris. Nasceu em 422, em Nanterre, e, dos 15 aos 90 anos, quando morreu, serviu aos pobres como freira. Teria livrado Paris da destruição, em 451, quando a cidade foi invadida por Átila, o cruel comandante dos hunos. Com muita reza, teria feito os bárbaros recuarem. Depois, livrou os parisienses da fome. Uma boa santa, assim, para ajudar Lula e seu programa Fome Zero.

Para se obter uma casa farta é preciso colocar dentro de um vidro transparente, pela ordem, um punhado de sal grosso, ervilha, feijão, cravo-da-índia, milho de pipoca e café em grão. Peça um ano próspero e farto. Escolha uma árvore frondosa e, junto a seu tronco, no chão, coloque o conteúdo do vidro ao fim de cada mês (a simpatia deve durar quatro meses seguidos).

Na próxima terça-feira (dia 6), por exemplo, é dia de Reis Magos. Gaspar, Melquior e Baltazar, representantes da paz, sorte e prosperidade, respectivamente. Nesse dia, quando em vários lugares do interior do Brasil se realizam as cantorias das folias de Reis, pode-se pedir três graças aos tais magos. Para tanto, ensina a autora, é preciso subir em uma cadeira, chupar uma semente de romã e dizer em voz alta: “Eu te saúdo, rei Gaspar, e peço que me dê para ter e para dar”. Depois, faça o primeiro pedido. Repita a mesma frase mais duas vezes (para Melquior e Baltazar) enquanto chupa um caroço diferente para cada um.

Desça da cadeira, enrole os três caroços de romã em uma cédula de dinheiro de valor baixo e guarde isso dentro de sua carteira. Um ano depois, a nota e os velhos carocinhos deverão ser jogados no mar.

De acordo com Carolina, os pedidos devem ser sempre relacionados com a intenção de obter progresso e condições para uma vida melhor. Não custa tentar.




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