Microempreendedora Antônia Carvalho Mota, 38 anos, fundadora da Delícias da Keila, em São Bernardo, optou pela revenda
Mesmo com cenário econômico desafiador, a produção de ovos de chocolate artesanais segue aquecida no Grande ABC nesta Páscoa, comemorada amanhã. Com apoio de linhas de crédito como as do BPP (Banco do Povo Paulista), pequenos empreendedores têm investido em maquinário e estoque para atender à demanda de uma clientela cada vez mais exigente – e com orçamento mais apertado.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, apenas em São Bernardo, em 2023, o desembolso em atividades de fabricação de produtos de padaria e confeitaria com predominância de produção própria foi de R$ 53,8 mil. Já Diadema somou R$ 5.000 na atividade de comércio varejista de doces, balas, bombons e produtos semelhantes. Juntas, as duas cidades movimentaram R$ 58,8 mil.
Neste ano, os destaques são Santo André e São Bernardo, que, até o momento, somam R$ 37 mil em desembolsos no comércio de produtos à base de chocolate.
Segundo dados do Banco do Povo Paulista, entre 2023 e 2025, a região recebeu R$ 3,1 milhões em 208 operações de crédito, abrangendo atividades econômicas, inclusive o setor de doces e confeitaria. Esse investimento tem ajudado a impulsionar histórias como a da microempreendedora Antônia Carvalho Mota, 38 anos, fundadora da Delícias da Keila, em São Bernardo.
A empresária, cearense de origem, começou a trabalhar com alimentos ainda na adolescência, aos 15 anos, fazendo salgados – já na cidade da região, onde mora há 31 anos. “No fim da pandemia, comecei com trufas, depois pão de mel. A Páscoa veio logo em seguida e foi um sucesso”, conta. A boa aceitação a motivou a se especializar. “Usei o dinheiro que ganhei na minha primeira Páscoa, em 2021, para investir em um curso de confeitaria. Era Bolos da Keila, depois virou Delícias da Keila”, conta.
Atualmente, ela produz ovos de chocolate em todos os tamanhos e formatos, pirulitos decorados e lembrancinhas personalizadas. E o carro-chefe? “São os ovos trufados de 250g, 500g e 1kg. Também vendo muito o trio de ovos pequenos, com 50g cada.”
Com a demanda crescente, especialmente para o pão de mel – seu produto mais vendido ao longo do ano –, Antônia decidiu buscar apoio do Banco do Povo. “O empréstimo me ajudou a comprar uma máquina. Eu já não dava conta de fazer tudo na mão”, explica. O investimento também contribuiu para a abertura de um espaço físico, que tem sido essencial para as vendas por pronta entrega.
Neste ano, apesar da retração nas encomendas diretas – “minha primeira Páscoa teve quase 50 pedidos, agora não chegou a 20” –, ela conseguiu manter o ritmo da produção ao optar pela revenda em supermercados. “Devo fechar com cerca de 300 ovos.”
MUDANÇA
Para a microempreendedora, o comportamento do consumidor mudou: “Quem pedia seis ovos agora compra dois. Têm preferido lembrancinhas, que cabem melhor no bolso”. Ela acredita que isso está diretamente ligado ao aumento geral nos preços. “O ovo industrializado está mais caro e menor. Um Kinder Ovo de 150g custa R$ 80, o mesmo preço do meu ovo trufado de 500g com recheio artesanal de fruta.”
Mesmo diante da concorrência dos produtos de prateleira, Antônia enxerga espaço crescente para o chocolate artesanal. “Não tem comparação. O artesanal é feito na hora, com chocolate puro e do jeito que o cliente quer. E isso tem muito valor”. Ela também observa um movimento de crescimento do setor em São Bernardo. “No meu bairro (Riacho Grande), tem pelo menos 20 ou 25 confeiteiras. A maioria começou como segunda renda, e o ramo só cresce.”
Animada com os resultados e com o apoio recebido, Antônia já faz planos. “Quero investir novamente daqui a dois anos. Meu foco será melhorar ainda mais a produção do pão de mel, com uma máquina mais moderna.”
Enquanto isso, segue com a missão de adoçar a vida dos clientes com criatividade, qualidade e, acima de tudo, carinho: “O artesanal é feito com dedicação. E isso, o consumidor percebe.”
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