Internacional Titulo
Antraz é bem conhecido na Rússia
Das Agências
16/10/2001 | 17:21
Compartilhar notícia


A Rússia tem profundo conhecimento sobre a doença do antraz, a "peste siberiana". A União Soviética desenvolveu uma variação extremamente perigosa da doença que causou pelo menos 68 mortos em 1979, depois de um vazamento acidental num laboratório militar dos Urais.

Os laboratórios russos dispõem de "todos os tipos de cepas (do antraz) para produzir as vacinas necessárias", e estão dispostos a ajudar os Estados Unidos, declarou o ministro da Saúde russo, Yuri Chevchenko.

Nos Estados Unidos 13 pessoas foram contaminadas até agora, uma das quais morreu, no que poderiam ser atos de terrorismo biológico.

Durante a Guerra Fria, a União Soviética desenvolveu um amplo programa de guerra biológica.

O biólogo Alexei Yablokov, que dirigiu entre 1992 e 1996 a comissão de ecologia do Conselho de Segurança russo, confirmou à Agência France Presse que a Rússia continua suas pesquisas com objetivos "defensivos", e dispõe de grande "coleção" de cepas da doença.

Sete dias antes dos atentados de 11 de setembro, o Pentágono destacou a necessidade de intensificar a pesquisa nessa área, depois do anúncio da revista Vaccine de que a Rússia havia desenvolvido uma nova cepa de antraz, de uma virulência nunca vista.

Ao que parece, um bacilo deste tipo foi o causador da tragédia denominada em 1979 em Sverdlovsk, na região dos Urais.

Um vazamento acidental do bacilo, dotado de um vetor extremamente volátil, matou 68 pessoas, segundo números oficiais, embora a imprensa americana tenha falado de até mil vítimas.

A contaminação pelo antraz é um mal que costuma afetar o gado mas pode ser contraída pelos seres humanos. O mal do antrfaz era freqüente na Rússia há um século, e ainda hoje afeta anualmente entre cinco e 30 russos. Segundo números oficiais, ano passado houve 19 casos.

Um cientista que fugiu para o Ocidente em 1992, e que era o segundo responsável pelo programa de guerra biológica da extinta União Soviética, Kanatjan Alibekov, confirmou que a catástrofe de Sverdlovsk teve origem num dos laboratórios secretos, e a chamou Biopreparat.

Alibekov, que agora vive nos Estados Unidos, afirmou que a Rússia continuava com uma parte de suas investigações no campo do antraz, e que seus cientistas, mal remunerados, ofereciam seus serviços a quem pagasse melhor.

O senador americano Ted Kennedy mostrou-se favorável, no começo deste mês, a uma maior cooperação com os russos, "para que controlem seus materiais, e seus cientistas que vão para o Oriente Médio".

Moscou sempre desmentiu ter proporcionado meios de guerra biológica, em especial ao Iraque.

O biólogo Alexei Yablokov excluiu, em declarações à AFP, a possibilidade de que os bacilos usados nos Estados Unidos sejam de origem russa.

No entanto, estimou que os terroristas poderiam ter usado bacilos provenientes de antigos laboratórios soviéticos situados em repúblicas da Ásia Central, como Cazaquistão. Peritos americanos descobriram recentemente bacilos de antraz em instalações científicas dessa república ex-soviética.

O ministério cazaque de Relações Exteriores desmentiu imediatamente que os terroristas tenham podido usar material biológico procedente de seu país, e considerou "infundadas" tais informações.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;