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Antigo prédio do Hospital Jardim traz medo a comércio e moradores

Imóvel em Sto.André está abandonado há mais de 15 anos, o que provoca temor e questionamentos em relação à segurança e a condições sanitárias

Fábio Junior
15/04/2025 | 08:07
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FOTO: Claudinei Plaza/DGABC


Inaugurado em 1992 em Santo André, o Hospital e Maternidade Jardim chamava atenção não só pelos serviços prestados à população, mas pela imponência do prédio situado à Rua das Bandeiras, no bairro Jardim, região nobre da cidade. Referência em ortopedia, a unidade também foi responsável por trazer vidas ao mundo. Uma história que ficou para trás e muito distante da realidade vivida pelo espaço nos últimos anos. O prédio se encontra completamente abandonado e degradado após a falência da Samcil (Serviço de Assistência Médica ao Comércio e Indústria) Planos de Saúde (leia mais ao lado) em 2011. Situação que ainda gera preocupação a moradores e ao comércio local.

Considerado por anos um dos melhores da região, o hospital passou ao controle da operadora em 2007 – antes chegou a ter 15 sócios, mas o negócio afundou por acúmulo de dívidas. Com o novo proprietário, o espaço passou a ter 82 leitos, dez leitos de UTI, quatro salas cirúrgicas, maternidade, capacidade para atender 7.000 consultas no pronto-socorro, além de realizar 700 internações por mês. 

Uma unidade de saúde que costumava transmitir segurança, mas que na atualidade não traz qualquer saudosismo. Não bastasse a preocupação com questões sanitárias, com possíveis resíduos hospitalares, há dúvida em relação a possível acúmulo de água, o que tornaria os ambientes propícios para a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue. Além disso, moradores e comerciantes precisam lidar com invasões da estrutura por população em situação de rua e dependentes químicos. O interior do imóvel já foi alvo de saques. Isso sem contar o cheiro de drogas e o barulho frequente durante a madrugada, fatos que causam apreensão à vizinhança.

A empresária Thania Tizzo, 62 anos, moradora do bairro Jardim e proprietária de uma loja da Kopenhagen em frente ao antigo hospital, afirmou ao Diário que, por causa das invasões, um ex-médico do local, juntamente com o marido dela, contribuiu para a compra de câmeras, sistema de alarme, portão e arame farpado. Tudo instalado no local com a intenção de inibir a entrada de bandidos.

Uma ex-funcionária do Hospital Jardim, que prefere anonimato e atualmente é gerente em empresa próxima, chegou a presenciar invasão, mas nunca violência. “Antes as portas ficavam trancadas. Os indivíduos passaram a invadir pela janela e quebravam tudo”, afirma ela, receosa de que o prédio se transforme em um “favelão”.

Miguel Baracho, morador do Jardim Cristina, trabalha há dez meses em um estacionamento próximo. Segundo ele, o abandono do local passa uma imagem negativa para a região. “Torço para que algum dia volte a funcionar.”

Procurada, a Prefeitura de Santo André não se manifestou sobre o tema. Enquanto isso, o espaço segue vazio, sem previsão de reabertura ou mesmo de demolição da estrutura.


Samcil adquiriu unidade em 2007, mas foi à falência quatro anos depois

O Hospital e Maternidade Jardim foi adquirido pela Samcil (Serviço de Assistência Médica ao Comércio e Indústria) Planos de Saúde em maio de 2007, mas a operadora teve a falência decretada em 2011. 

As dívidas à época chegavam a R$ 330 milhões. Isso sem contar a indignação dos clientes, principalmente em relação a descaso nos atendimentos e à falta de remédios.

A Samcil fez investimentos de R$ 4 milhões para reformar e reaparelhar o Hospital Jardim. O negócio envolveu a troca do nome para Hospital Santo André. A expectativa era que fossem gerados 350 empregos. A finalidade era expandir a presença da operadora na região, onde tinha quatro unidades de saúde.




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