O governo do presidente Evo Morales solicitou uma investigação da inteligência militar para identificar os grupos separatistas que atuam na Bolívia, principalmente nos departamentos de Santa Cruz (leste) e Beni (nordeste), informou nesta quarta-feira o ministro da Defesa, Walker San Miguel. "Estamos trabalhando com a inteligência militar, e vamos informar sempre a população para que saiba claramente os nomes e as fontes de financiamento".

San Miguel revelou que a inteligência militar vai começar pela apuração de nomes, financiadores e operadores de matérias pagas promovendo a secessão de Santa Cruz do restante da Bolívia. "Temos pedido aos diretores de veículos de comunicação para que nos informem os nomes dos responsáveis por estas matérias pagas".

Organizações sociais do oeste da Bolívia afirmam que os separatistas são descendentes de "croatas" e "alemães", supostamente "vinculados a grupos de poder e oligarquias agropecuárias de Santa Cruz, que querem desmembrar a Bolívia".

"Os organismos de inteligência do Estado terão de averiguar a intenção destes grupos, que cada vez que surge um problema de discussão política (...), retomam o tema da secessão", disse o ministro.

O anúncio da investigação ocorre dois dias antes da greve convocada por autoridades, legisladores e líderes civis para as províncias de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija.

A paralisação é um protesto contra a decisão dos legisladores governistas de mudar o percentual mínimo de votos necessário para a aprovação de medidas constitucionais, passando de dois terços para maioria absoluta (50%+1) dos 255 votos.

A oposição, minoritária na Assembléia, exige respeito à decisão sobre os dois terços dos votos, como foi acertado antes do início da Constituinte.