Em artigo publicado nestsa quinta pelo jornal Haaretz, Herzog disse que as descobertas arqueológicas nao apóiam e, em muitos casos, contradizem as histórias bíblicas que descrevem o surgimento do povo judeu, como o êxodo do Egito, a derrubada das muralhas de Jericó por Josué e o reino de Salomao.

Colegas e críticos de Herzog aceitam algumas das provas que apresentou e questionam outras, mas advertem que a precisao da Bíblia, fator em que se baseiam as reivindicaçoes judaicas da terra de Israel nao é tao importante quanto os ``mitos' que criou.

Herzog se referiu a provas aceitas pela maioria dos arqueólogos de que nao houve um êxodo do Egito na época em que a Bíblia diz que ele ocorreu e que Jericó foi caindo aos poucos, durante muito tempo, e nao em um único ataque lançado por Josué.

O tema mais polêmico surge quando Herzog afirma que as sementes do estado judeu devem estar no século IX a.C., quando grupos de pastores estabeleceram dois estados rivais, Judá e Israel.

As escavaçoes de cidades da supostamente majestosa época dos reis David e Salomao, um século antes, revelaram que as ``cidades' eram apenas alguns prédios espalhados e que os reinos eram somente pequenas dinastias tribais.

Quanto a Jerusalém, a capital construída pelo rei David para governar um império que incluía grande parte do atual Oriente Médio, era em essência um pequeno feudo, disse Herzog, da Universidade de Tel Aviv.

Outro arqueólogo, Amnon Ben Tor, da rival Universidade Hebraica de Jerusalém e crítico de Herzog e de sua escola de pensamento pós-modernista, disse que o arqueólogo usa essa ciência com fins políticos e para desafiar o que sustenta serem as lendas em que se baseou a fundaçao do estado judeu.

Ben Tor concordou em que ``a Bíblia tem uma grande medida de glorificaçao', mas destacou que inscriçoes e escavaçoes de material do século X demonstram que os antigos hebreus estabeleceram um estado governado por David e Salomao e que, mesmo nao sendo majestoso, era substancial.

O legislador Tommy Lapid, defensor dos direitos seculares, acusou Herzog de tentar abalar as bases educacionais e ideológicas do estado e ``facilita a propaganda dos inimigos de Israel que querem negar seu direito de estar onde está'.

A Bíblia tem muitos mitos, disse Lapid, mas seus fatos históricos básicos documentam as reivindicaçoes sobre Israel e sao a base da história, da cultura, do idioma e da literatura judias.