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Hospital Mário Covas vai ampliar a realização de cirurgias em 50%

Compromisso assumido pelo novo diretor-geral do complexo estadual, Eduardo Grecco, eleva número de procedimentos diários de 30 para 45

Evaldo Novelini e Nilton Valentim
02/03/2025 | 08:23
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FOTO: Andre Henriques/DGABC


Aumentar o número de cirurgias realizadas em 50% e priorizar o atendimento de pacientes que requerem cuidados médicos de alta complexidade. Estas são as metas do gastrocirurgião e endoscopista Eduardo Grecco, que assumiu o cargo de diretor-geral do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. Ele substituiu Adilson Joaquim Westheimer Cavalcante, que estava no posto desde dezembro de 2021.

“Temos 13 salas (cirúrgicas) que vão funcionar para valer porque tenho esse compromisso”, declarou Grecco em entrevista exclusiva concedida à equipe do Diário na terça-feira. Atualmente, o Mário Covas realiza de 26 a 30 procedimentos operatórios a cada dia. “Minha meta é aumentar a produção para 40 a 45”, declarou. O hospital faz atualmente 9.900 procedimentos por ano.

Grecco, que foi indicado ao cargo pela FUABC (Fundação do ABC), instituição responsável pela gestão do hospital, contou que hoje a capacidade cirúrgica do Mário Covas não é utilizada em sua plenitude. Isso ocorre porque, de acordo com o diretor, a unidade precisa direcionar recursos humanos e técnicos para cuidar de pacientes com problemas de baixa complexidade que, em tese, não deveriam estar ali.

“Já detectei. Tem paciente que vem aqui com uma dor que poderia ser atendida em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento)”, ilustrou Grecco. A ideia do diretor é conversar com as secretarias de Saúde dos municípios para que só recorram ao Mário Covas em caso de precisarem de procedimentos que fazem parte do escopo do hospital, que é referência no atendimento de episódios neurológicos, cardíacos e ortopédicos graves.

Após três semanas participando do processo de transição no comando da instituição, Grecco contou ter constatado número exagerado de pessoas aguardando por atendimento no setor de emergência que não deveria estar ali. “Esse paciente entra para o hospital e ocupa leito. Se ocupa leito, não consigo internar para operar. Isso não pode acontecer”, explicou o diretor.

A nova direção do Mário Covas já está atuando para solucionar a questão. “É (preciso) gerenciar a emergência”, disse Grecco, comprometendo-se a trabalhar junto ao NIR (Núcleo Interno de Regulação) para evitar que se encaminhe ao hospital pacientes que não necessitem de cuidados de alta complexidade. “Não é dispensar e não tratar, é não deixar que a ambulância simplesmente venha para cá. Vou brigar por isso”, prometeu.

O diretor explicou que também vai atuar para reencaminhar a outras unidades de retaguarda internos que já não dependem de cuidados de alta complexidade. Para ilustrar, citou o caso de paciente que infartou, recebeu o tratamento adequado e já não corre risco de vida. “É um acompanhamento, pode voltar para a cidade dele”, detalhou.

A ideia é encaminhar o paciente a outras unidades gerenciadas pela FUABC em cidades da região. “Vai ser de comum acordo. Não vai ser jogado aí fora, tchau.” Com isso, Grecco poderá concentrar esforços nas operações. “Vai ser fundamental para que eu tenha um ambulatório enxuto e esteja preparado para o cirúrgico.”

Grecco contou que a eficiência e a resolutividade do complexo levam o doente a querer ser atendido no local. “Tem paciente que prefere ser operado aqui do que no convênio dele, porque tem equipe de qualidade”, atestou. Em 2022, o Mário Covas, que possui os principais selos nacionais e internacionais de certificação e acreditação, foi eleito o 7º melhor hospital público do Brasil pelo Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde.

Indicado pela FUABC teve o aval de Estado e prefeitos

Realizada pelo presidente da Fundação do ABC, Luiz Mário Pereira de Souza Gomes, a nomeação de Eduardo Grecco para a diretoria-geral do Mário Covas pretende pôr fim a um dos períodos mais conturbados na administração do hospital estadual. O novo comandante chega com a chancela dos prefeitos das três cidades mantenedoras da FUABC e do secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva.

“Vivemos anos de alguns desgastes”, admitiu Grecco em entrevista exclusiva ao Diário. “Eu estou aqui para fazer um papel de conciliação”, completou. O novo diretor conhece bem a administração do Hospital Mário Covas, no qual já atuou por vários anos. De 2012 a 2016, por exemplo, ele trabalhou como adjunto de Desiré Carlos Callegari.

A escolha de Grecco para o comando do hospital foi referendada pelos prefeitos Gilvan Junior (PSDB), de Santo André, Marcelo Lima (Podemos), de São Bernardo, e Tite Campanella (PL), de São Caetano, que governam os municípios mantenedores da FUABC, que gerencia o Mário Covas.

Os prefeitos se posicionaram favoráveis ao nome de Grecco em conversa realizada em 24 de janeiro, dia em que o Diário revelou a história em seu portal, com exclusividade. Na sequência, o escolhido foi conversar com Eleuses na Capital. “O apoio de todos os atores que atuam no hospital é importante”, declarou o novo diretor.

O consenso em torno de Grecco faltou na escolha de seu antecessor, Adilson Joaquim Westheimer Cavalcante, que assumiu o cargo em 1º de dezembro de 2021. Na época, a indicação foi feita de modo arbitrário pelo então prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (sem partido). Sua gestão foi marcada por fortes divergências entre o hospital e a FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), que utiliza o Mário Covas na formação de seus alunos.

Gastrocirurgião, Grecco coordena o Serviço de Endoscopia da FMABC, pela qual é formado, na turma de 1999. O médico é genro do ex-prefeito de São Bernardo, William Dib.




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