Corso? Entrudo? Termos revividos 70 anos atrás. O caro jovem leitor saberia dizer do que se tratava?
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Para o Carnaval 55:
“Vou de tamanco”, samba de Zé e Zilda, gravação de Nora Ney, acompanhada por Ataulfo Alves e suas pastoras.
“Ninguém tem pena”, outro samba, cantada por Jorge Goulart.
E a marcha “Sinal dos tempos, na interpretação de João Dias.
Não se falava tênis, dizia-se alpargata. Ou tamanco, no samba que se perde no tempo.
Mas o que vale lembrar são os termos corso e entrudo, para os quais nos valeremos dos registros deixados pelos cronistas que cobriram o Carnaval 1955 – e um retorno ao século 19.
ENTRUDO
O uso de bisnagas cheias d’água, que parecia morto e enterrado desde o aparecimento do lança-perfume, voltou.
Voltamos ao tempo do entrudo. Voltamos ao Brasil de dom João VI e de dom Pedro I.
O entrudo verdadeiro, bruto e selvagem do Rio de Janeiro é do Segundo Império. Imensas gamelas cheias d’água com seringas, vermelhão, cal, pós de sapato. Coitado de quem passasse perto.
Luís Martins, citando França Junior, Estadão Acervo, 14-2-1955.
CORSO
Uma das grandes tradições do Carnaval paulista era o seu famoso corso.
Outrora, os carros percorriam a Avenida Paulista. Depois, os foliões transferiram o cortejo carnavalesco para a Avenida Rangel Pestana, ficando o Brás como centro dos festejos.
Quando o Brás esmoreceu, alguns saudosistas passaram a se concentrar nas Avenidas Brasil, Nove de Julho e São João.
Em 1955 o corso ainda tentou ressurgir nas alamedas internas do Parque Ibirapuera, com as batalhas de confete e serpentina.
NOTA DA MEMÓRIA – Inaugurado em 1954, o Parque do Ibirapuera vivia o seu primeiro Carnaval. Era preciso valorizar o espaço. E setenta anos se passaram...
NA TELA
Tempo de Carnaval era tempo de lançar marchas, sambas e ir ao cinema ver os filmes com temáticas carnavalescas.
Em 1955, os foliões do ABC, futuro Grande ABC, podiam escolher entre os Cines Carlos Gomes (Santo André) e Vitória (São Caetano) para assistir “Carnaval em Marte”, produção da Cinedistri, com Anselmo Duarte e Violeta Ferraz.
Outros dois filmes se apresentavam:
“Guerra ao samba”, com Oscarito e Eliana, produção da Atlântica.
“Carnaval em La Maior”, com Randal Juliano e Sandra Amaral, filme da Companhia Maristela.
E a Vera Cruz? Pobre Vera Cruz: nada programado.
Crédito da foto 1 – Estadão Acervo (24-2-1955)
EM CARTAZ. A chanchada da Atlântica e o Carnaval. Atrações em vários cinemas. Vejam lá, Cine Anchieta. Prezado Junior Cheid, seria o Cine Anchieta de São Bernardo?
NAS ONDAS DO RÁDIO
CARNAVAL.
João da Baiana.
Caninha e Tia Ciata.
Donga e Sinhô.
Pixinguinha.
Um Rei Momo negro.
Zeca da Casa Verde.
Geraldo Filme.
Madrinha Eunice...
Texto: Milton Parron
O segundo programa Memória sobre Carnaval apresentará entrevistas e depoimentos históricos de artistas populares.
Eles tiveram grande importância no desenvolvimento e consolidação dessa festa que é uma marca registrada do Brasil em qualquer parte do universo.
Destaques para João da Baiana, Sinhô, Caninha, Pixinguinha, Donga, Tia Ciata.
E os paulistas: Henrique Felipe da Costa, o primeiro rei Momo negro do Brasil, excelente compositor desde os anos 20. Zeca da Casa Verde e Geraldo Filme. Madrinha Eunice, a fundadora, em 1937, da segunda escola de samba de São Paulo, a Lavapés.
Claro, tudo isso ilustrado com muitas marchas e muitos sambas que enriqueceram as folias de Momo desde o início do século passado.
Memória - Produção e apresentação: Milton Parron. Rádio Bandeirantes em 86.3 e 90.9. Amanhã, às 7h; sexta-feira, às 23h. Disponível nas principais plataformas digitais, no Spotify e no Apple Podcast.
DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995 – Edição 8943
MANCHETE – São Bernardo abre plano de expansão telefônica.
Nec do Brasil e CTBC (Companhia Telefônica da Borda do Campo) abriam cadastramento no Estádio Primeiro de Maio para candidatos a 17.400 novas linhas.
NOTA DA MEMÓRIA – O celular engatinhava, 30 anos atrás. E o telefone fixo ainda era o xodó das famílias, daí os planos de expansão.
SÃO CAETANO – Os artistas Job Leocádio e Jorge Tavares se propunham a resgatar a memória da cidade pelo grafite: iriam criar 12 painéis com imagens de prédios antigos locais.
PONTO DE VISTA – Mananciais, razão ecológica.
Os ambientalistas querem o imediato congelamento de novas ocupações.
Artigo de Virgílio Alcides de Faria, presidente do MDV – Movimento em Defesa da Vida.
Crédito da foto 2 – Fernandes/Banco de Dados
VIRGÍLIO. O sucessor de Fernando Vitor na defesa da Represa Billings
EM 22 DE FEVEREIRO DE...
1905 – Eram justificadas as faltas dadas pelo professor Alfredo Maria de Albuquerque, da escola do Alto da Serra, Paranapiacaba, ocorridas de 9 a 21 de julho de 1904.
1955 – Vereador Noêmio Spada reivindicava um levantamento estatístico sobre a densidade demográfica infantil nos bairros de Santo André. E declarava: havia necessidade de mais escolas.
1960 - Aramaçan celebrava missa na Catedral do Carmo por intenção de Ildefonso Turibio, introdutor do atletismo em Santo André.
MUNICÍPIOS BRASILEIROS
No Estado de São Paulo, hoje é o aniversário de São Pedro. Elevado a município em 1881, quando se separa de Piracicaba.
Pelo Brasil, aniversariam: na Bahia, Abaíra, Belo Campo e São Desidério; em Minas Gerais, Andradas; em Pernambuco, Calçado; e no Tocantins, São Félix do Tocantins.
HOJE
Dia da criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), cf. lei federal de 22-2-1989.
Cátedra de São Pedro
22 de fevereiro
Neste dia se comemora o Apóstolo São Pedro enquanto no exercício de suas funções docentes: a cátedra, ou cadeira, do Vigário de Jesus Cristo, Mestre da Igreja universal.
São Pedro foi bispo de Antioquia durante alguns anos e depois instalou sua cátedra definitivamente em Roma.
Ilustração: Arquidiocese de São Paulo (divulgação)
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