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Por que são tão importantes os primeiros alimentos?

Introdução ensina a criança a comer bem com foco na saúde, segundo especialista

Lays Bento
16/02/2025 | 09:07
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FOTO: Denis Maciel/DGABC


Verduras, frutas e legumes: já pensou que, na boca, tudo é novo em sabor e textura para as crianças de até 2 anos? E vem desse processo, explorado hoje pelo Diarinho e que a Ciência define como introdução alimentar, boa parte dos hábitos que fazem os seres humanos comerem de forma mais saudável (ou não) ao longo da vida. 

“Esta seletividade alimentar pode vir ainda de algum trauma (como engasgo, por exemplo). Mas, geralmente, quem conhece um amiguinho que come só macarrão, doces ou alimentos mais gordurosos e salgados, pode já pensar que ele não explorou ao máximo o paladar quando pequeno”, explica a nutricionista materno-infantil Valkiria Assis. 

Ketlin Brocardo, mãe da Antonella, 4 anos e que come de tudo, confessa desde pequena nunca ter gostado de jiló e beterraba. “Apesar disso, diferentemente do que foi comigo, eu apresentei para ela. É importante ao menos conhecer”, defende. 

Irmã da garota, Maria Eduarda, 6 anos, destaca que uma boa forma de experimentar os alimentos e incentivar Antonella é “com ‘aviãozinho’ de comidas, para divertir e alimentar”.

Por causa do incentivo dentro e fora de casa, no bairro Baeta Neves, em São Bernardo, a pequena já chegou da aula, na Emeb Bernardo Pedroso, pedindo mirtilo (fruta), por exemplo. “Gosto muito de cozinhar com a mamãe, principalmente quando tem manga, maçã, banana ou melancia. Na escola o que mais gostei até agora foi brincar de ‘João, do pé de feijão’, plantando”, revela ela, sobre a horta infantil que é semeada nos fundos das salas. 

De acordo com o projeto, em março as crianças definem juntamente com o professor quais hortaliças serão cultivadas ao longo do ano, para rechear as saladas no recreio ou até levar para casa. Além disso, os pequenos colocam literalmente ‘a mão na terra’ para plantar ervas aromáticas em canteiros mais baixos, acessíveis aos bebês do berçário. 

A iniciativa ajudou Bernardo Kenji Nishio Oliveira, 3 anos, a descobrir o rabanete. Apesar de ser intolerante a ovos, corante e lactose, o garoto defende a importância de que outras crianças se aventurem ao explorar o paladar. “A gente vai à feira toda semana com o Paçoca (cachorro da família). Além de gelatina e do arroz e feijão, agora gosto bastante de brócolis, milho e mamão (fruta que a própria mãe Nádia, na infância, pouco comeu e gostou)”, relata.

É PARA AMASSAR OU NÃO?

Kátia Pedroso Alves, mãe da bebê são-bernardense Isabela, de 1 ano e 6 meses, optou por oferecer, depois do leite, alimentos amassados, por seis meses. “Mas até hoje ela não gosta de batata, por exemplo”, destaca. 

Para a nutricionista Valkiria Assis, a introdução alimentar realmente começa assim que o bebê já tem capacidade de levar objetos à boca e sentar sem apoio. Segundo ela, a recomendação aos responsáveis, entretanto, é evitar oferecer alimentos batidos ou peneirados, já que parte essencial do processo é também aprender a mastigar. “Outra coisa importante é respeitar os sinais de saciedade do neném, nunca o forçando a comer mais do que deseja. Assim como eles sabem o quanto precisam mamar, a autorregulação continua com a comida”, indica.

A dica de ouro é evitar, entre os primeiros alimentos consumidos na vida, industrializados ou doces. “Isso impacta tanto o desenvolvimento cerebral como a formação do paladar. Isso, por si só, é grave, porque já aumenta ,e muito, o risco de seletividade alimentar. É aquilo: nada é proibido, mas o segredo para formar hábitos alimentares saudáveis está bem aí”, finaliza Valkiria.




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