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Com a reintegração, dono de prédio invadido quer realizar sonho do filho

Aos 87 anos, Manuel Afonso diz que concluirá construção de imóvel

Lays Bento
07/02/2025 | 08:10
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FOTO: Celso Luiz/DGABC


O proprietário do prédio invadido na Rua José Benedetti, no bairro Cerâmica, em São Caetano, já tem planos para o imóvel violado pelo Movimento de Mulheres Olga Benário. Em sua primeira entrevista ao Diário, o aposentado Manuel José Afonso, 87 anos, afirmou que pretende concluir a construção iniciada pelo filho, Claudio Marcos Afonso, assassinado aos 29 anos, assim que retomar a posse do edifício. 

Morto com um tiro na cabeça em 2020, após se recusar a entregar o carro durante um assalto em São Bernardo, o ex-administrador utilizou recursos próprios para erguer aos poucos o residencial. Tratava-se de investimento familiar, segundo contou o pai. “Foi o que ele deixou depois de acontecer o pior. Quero continuar o que ele sonhou após a reintegração”, lembrou.

Decisão do juiz José Francisco Matos, da 4ª Vara Cível da Comarca de São Caetano, determina que os invasores abandonem o prédio até 12 de fevereiro. A partir do dia seguinte, está autorizada a retirada dos ocupantes com o auxílio da força policial.

Segundo o aposentado, na garagem do edifício estão dois carros antigos. “Lembro do dia em que combinei de ir limpar, junto com um amigo, parte do prédio. Na manhã seguinte, me ligaram e eu nunca mais pude entrar lá dentro. Não tinha o que fazer se não ir à polícia. Não discuti. Prefiro também não opinar sobre a causa que elas (as invasoras) ensejam, porque o ponto que discuto é outro”, declarou.

Para conseguir completar a construção do prédio, Manuel indicou como primeiro desafio a conclusão do parcelamento dos tributos que se acumularam após a morte do filho. A dívida estimada ultrapassa R$ 1 milhão e será paga enquanto mais recursos para bancar uma reforma na edificação são buscados.

“Cada dia, uma luta diferente. Hoje (ontem) a minha batalha mesmo foi vir até a Enel”, disse o aposentado, referindo-se a visita à unidade da concessionária em São Caetano. Ele queria solicitar uma vistoria técnica para averiguar se os invasores estão furtando energia da rede que passa em frente ao imóvel.


CONTAGEM REGRESSIVA

Presentes no local desde novembro, os invasores argumentam que são vítimas de violência estrutural e defendem a implantação de políticas de proteção a mulheres e crianças pelo prefeito Tite Campanella (PL).

Na quarta-feira, 27 integrantes do movimento se deslocou do imóvel na Rua José Benedetti e, com cartazes e gritos de ordem, se dirigiu ao Palácio da Cerâmica, no Espaço Verde Chico Mendes, onde pretendia falar com Tite.

O prefeito disse que não havia recebido pedido de audiência e pôs guardas-civis para dispersar os manifestantes.




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