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Deputados tomam posse segunda
Do Diário do Grande ABC
31/01/1999 | 18:37
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Os deputados eleitos em 3 de outubro tomam posse segunda-feira, iniciando uma frenética movimentaçao de troca de legendas. A expectativa é de que mais de uma dezena de deputados se mudem para um novo partido segunda-feira, antes do fim da sessao de posse do novo Congresso. O assédio dos partidos sobre os deputados e senadores, que costuma anteceder todo o início de uma nova Legislatura, tem dois motivos: quanto maior for a bancada, melhores sao as condiçoes para a escolha das comissoes temáticas e dos cargos da mesa diretora da Câmara.

Um dos partidos mais afetados pelo troca-troca deverá ser o PPB do ex-prefeito Paulo Maluf, que está ameaçado de perder a condiçao de quarta maior bancada para o PT. Caso isso ocorra, os pepebistas vao perder a segunda vice-presidência da Câmara, que exerce a Corregedoria da Casa. Pelo regimento interno, o tamanho das bancadas partidárias até o fim da sessao de posse, que deverá terminar por volta da 17h, servirá de base para a preferência na escolha das presidências das comissoes temáticas da Câmara, em março.

O PMDB, que sofreu um verdadeiro processo de sangria nos últimos quatro anos, é o partido que está na ofensiva para ter uma bancada maior que a conquistada nas urnas. 'Nosso partido vive um bom momento e suas portas estao abertas para quem quiser vir``, disse o líder do PMDB, deputado Geddel Vieira Lima (BA). Na sexta-feira, o partido tinha assegurado a filiaçao de três deputados à bancada: Joao Mendes (PPB-RJ), Jorge Tadeu Mudalen (PPB-SP) e Osvaldo Reis (PPB-TO).

Mas há outros nomes na lista para ingressar no PMDB que aguardam apenas o sinal verde das lideranças estaduais, como os deputados Salatiel de Carvalho (PPB-PE) e Flávio Derzi (PPB-MS). O partido mais afetado é o PPB de Paulo Maluf. 'O que está acontecendo é um escândalo``, protesta o deputado Ricardo Barros (PPB-PR). O PSDB, que na legislatura passada pulou de 67 para 90 deputados pelo mesmo processo, teme agora que a açao do PMDB lhe retire a condiçao de segunda bancada.

Os tucanos perderam para o PMDB o deputado Pimental Gomes (CE) e estao irritados. 'Eles estao usando métodos heterodoxos``, insinua o líder do PSDB, Aécio Neves (MG). Crítico em relaçao à açao do PMDB, os tucanos também estao em avançado processo de cooptaçao. Na terça-feira, o partido já terá três novos filiados: Carlos Batata (PSB-PE), Airton Cascavel (PPB-RR) e Welington Fagundes (PL-MT). O presidente do PSDB, senador Teotônio Vilela (AL), e Aécio estao empenhados também em trazer para o partido os deputados Joca Colaço (PSB-PE) e Almeida de Jesus (PMDB-CE).

'Quem fala em métodos heterodoxos deve estar olhando a sua própria imagem no espelho``, responde Geddel Vieira Lima. O PMDB pretende tranformar-se na segunda bancada da Câmara com o troca-troca partidário, suplantando o PSDB. Assim, o partido escolherá em melhores condiçoes as comissoes técnicas permanentes que irá presidir e garantirá para o partido a presidência ou a relatoria das comissoes especiais que analisam os principais projetos discutidos e votados pela Câmara.

O PFL assiste a briga. 'Estas mudanças sao naturais e fazem parte de um processo de acomodaçao política nos estados``, disse o líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE). Os pefelistas só perdem a tranqüilidade quando o assunto é a formaçao de um bloco entre o PMDB e o PTB, o que poderia ameaçar a sua condiçao de maior bancada na Câmara.

A onda de troca de partidos também já atingiu o Senado. O amazonense Jefferson Peres saiu do PSDB e foi para o PDT. Já o senador Romero Jucá (RR) deixou o PFL e entrou na legenda tucana. Em ambos os casos, a motivaçao principal foi local. Jefferson Peres abriu dissidência no PSDB, no ano passado, por nao aceitar a neutralidade do partido em relaçao ao governador do Amazonas, Amazonino Mendes, que se reelegeu em uma votaçao apertada.

Além disso, o senador Jefferson Peres já estava há algum tempo em rota de colisao com a base governista _ foi o único senador tucano que se ausentou na votaçao da emenda constitucional que garantiu o direito do presidente Fernando Henrique Cardoso se reeleger. Romero Jucá estava disputando o controle do PFL de Roraima com o governador do estado, o pepebista Neudo Campos. O senador estava perdendo a disputa e já tinha um pé no PSDB, partido de sua mulher, a ex-prefeita de Boa Vista Teresa Jucá, que nao conseguiu se eleger governadora nas últimas eleiçoes.




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