As cenas de abandono e desrespeito no Cemitério Municipal de Diadema, flagradas em vistoria do prefeito Taka Yamauchi (MDB), é retrato alarmante da negligência com a memória e a dignidade das famílias da cidade. Ossadas armazenadas em sacos de lixo, corpos expostos, falta de infraestrutura e condições de trabalho insalubres são exemplos de como o local foi relegado ao descaso. Esses problemas não surgiram da noite para o dia, mas resultam de anos de omissão e gestões ineficazes. É imprescindível que a atual administração apure as responsabilidades, convocando representantes da gestão anterior, liderada por José de Filippi Júnior (PT), para explicar como a situação atingiu tal degradação.
O respeito que o poder público deve às famílias que perderam seus entes exige mais do que reformas estruturais: requer responsabilidade. O cemitério, espaço que deveria ser símbolo perene de paz e memória, transformou-se paulatinamente em um ambiente de desumanização em Diadema, conforme prova reportagem publicada nesta edição do <CF52>Diário</CF>. Além de investigar os agentes diretamente envolvidos, é fundamental considerar a possibilidade de enquadrá-los em crimes previstos no Código Penal Brasileiro, como vilipêndio a restos mortais e improbidade. Tais ações não apenas trarão justiça, mas também servirão como advertência para que situações similares não se repitam.
É louvável a intenção de Taka de determinar força-tarefa para restabelecer a ordem. Entretanto, não basta corrigir os erros do passado sem apontar os culpados. Um esforço conjunto entre sociedade civil, Ministério Público e a Prefeitura é necessário para assegurar que a história dos munícipes que já partiram seja respeitada e preservada. Transparência nas investigações, aplicação de punições exemplares e um plano efetivo de manutenção do cemitério devem ser prioridades. Ao enfrentar o problema com seriedade e firmeza, a administração de Diadema pode transformar um episódio vergonhoso em um marco de renovação e respeito. A memória de seus cidadãos, vivos e mortos, exige isso.
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