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Os números não deixam dúvidas: em 2024, o Estado transferiu R$ 2,88 bilhões aos municípios do Grande ABC por meio do ICMS, um crescimento real de 9,8% em relação a 2023. O montante, o maior repasse desde 2015 em valores corrigidos, deveria ter garantido condições mais robustas a investimentos em áreas como Saúde, Educação e Infraestrutura, além de possibilitar o pagamento de dívidas. Porém, o que se viu, ao longo do último mandato, foi a manutenção do discurso oficial que atribuía aos cofres esvaziados a incapacidade de atender às demandas da população. O problema, ao que parece, não foi a falta de recursos, mas sim a condução equivocada das prioridades administrativas.
O aumento nos repasses decorreu tanto do crescimento econômico estadual quanto de mudanças no IPM (Índice de Participação dos Municípios), que favoreceu a região com um adicional de R$ 70 milhões. Esses valores, não vinculados a destinações específicas, conferiram ampla margem de manobra para que as prefeituras determinassem suas políticas. Contudo, a ausência de resultados condizentes sugere displicência na gestão orçamentária ou erros estratégicos na definição dos projetos prioritários. Exemplos incluem obras paradas, serviços públicos deficitários e, em algumas cidades, como foi amplamente divulgado por este Diário, até atrasos no pagamento a fornecedores e servidores.
Mais do que identificar os erros do passado, é necessário repensar as práticas administrativas. Os prefeitos que acabaram de assumir, em 1º de janeiro, agora têm a oportunidade e a obrigação de gerir com responsabilidade, priorizando iniciativas de impacto direto e positivo na vida dos moradores. Para isso, é fundamental que a sociedade acompanhe de perto a alocação dos recursos e cobre transparência e eficiência. O ciclo de repasses crescentes pode não se repetir em anos futuros, o que torna ainda mais urgente o uso criterioso do orçamento atual. Afinal, enquanto o dinheiro for suficiente, a capacidade de gestão não pode demonstrar-se insuficiente. É hora de corrigir o rumo.
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