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‘Durante a sessão, não’, diz Dr. Seraphim sobre criação da tribuna livre

Presidente da Câmara de São Caetano afirma estudar maneira de implementar dispositivo desde que haja ‘concordância’ dos vereadores

Wilson Guardia
11/01/2025 | 08:18
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FOTO: Denis Maciel | DGABC


Ex-vice-prefeito e atual presidente da Câmara de São Caetano, o médico Carlos Humberto Seraphim (PL) descarta a possibilidade de instituir a tribuna livre em dias de atividades em plenário. “Durante a sessão não é conveniente”, afirmou o liberal, em entrevista exclusiva ao Diário.

A demanda é antiga. Parte da sociedade cobra o dispositivo que dá voz aos moradores – que, por meio da palavra, podem contribuir com sugestões aos projetos ou apontar situações cotidianas, muitas vezes esquecidas pelo poder público local. Com o microfone em mãos, a população passa a ter força e pode fazer críticas à atuação parlamentar ou ao Executivo – o que, em tese, pode causar desconforto aos detentores de mandato.

Apesar de ser reticente à ideia, Dr. Seraphim, como é conhecido, admite a possibilidade de discutir o tema com os pares. “Podemos estudar, em concordância com os outros vereadores, a criação de um horário específico (para a tribuna livre)”, afirmou.

O assunto por anos foi tratado como tabu, e abordá-lo gerava respostas ásperas e de desaprovação. O ex-presidente Pio Mielo (PSD), por exemplo, sempre se mostrou contrário em falas públicas. “Basta filiar-se a um partido político, disputar e vencer as eleições, que a tribuna será livre.”

Para Seraphim, abrir o plenário para a população deve ter critérios muito bem definidos para que se evitem contratempos. “Muitas vezes o espaço poderá ser utilizado com a finalidade de atrapalhar a cidade. É preciso ter e se manter a um assunto específico. Não é o cara subir lá e falar mal do (ex-presidente Jair) Bolsonaro (PL), do (ex-presidente Humberto de Alencar) Castelo Branco (mandato de 1964 a 1967). Isso é o passado, assim como é certo que o presidente atual (Luiz Inácio Lula da Silva, PT) vai ser também.”

Seraphim foi questionado pelo Diário sobre se existe a possibilidade de pautar a tribuna livre. “Se for para discutir um assunto específico, até poderia ter. O problema é que, se você dá a mão, o cara quer o corpo inteiro e usa aquilo (tribuna) para uma coisa ruim”, disse.

A declaração do parlamentar e chefe do Legislativo de São Caetano traz consigo críticas à oposição, que muitas vezes usa do expediente da explicação pessoal dentro das sessões para discutir assuntos sem competência local, como descriminalização das drogas e aborto indiscriminado, além de elevar o tom contra o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), e fazer elogios ao presidente Lula.

Sem citar nomes, Seraphim fez referência à vereadora Bruna Biondi (Psol), parlamentar que comumente utiliza a tribuna para debater assuntos alheios aos projetos da cidade. A psolista é feroz defensora da tribuna livre.

No Grande ABC, apenas dois Legislativos, de São Caetano e Rio Grande da Serra, não abrem espaço para manifestações públicas na tribuna. Nas demais Câmaras, a tribuna livre é permitida. Porém, cada uma delas tem suas regras, em dias ou horários diferentes dos das sessões ordinárias.




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