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Tecnologia no Brasil, ainda que tardia
Percy Faro
Especial para o Diário
02/07/2002 | 18:33
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A evolução do automóvel no Brasil, todos sabem, começou a dar passos largos somente após a abertura às importações, em 1992. Até então, as montadoras aqui instaladas enfiavam goela abaixo dos consumidores o produto que bem entendiam e da melhor maneira que lhes convinha. Aliás, não foi por outra razão que a comparação feita pelo então presidente da República, Fernando Collor, qualificando o nosso carro de carroça perto dos modelos produzidos lá fora, colocou uma saia justa em muita gente e ficou na história. O air bag e o motor de 16 válvulas são dois bons exemplos do atraso tecnológico que o mercado nacional enfrentou durante décadas.

Há exatos dez anos, o trânsito matava, no mundo inteiro, 500 mil pessoas anualmente. O Brasil respondia, sozinho, em igual período, por 10% deste total – 50 mil mortes e 350 mil feridos ou mutilados/ano. Atualmente, associações de engenheiros do setor automotivo e entidades cujas atividades estão relacionadas às questões de trânsito estimam em 40 mil morte/ano. Sabidamente, entretanto, as estatísticas oficiais são falhas. Mesmo diante deste quadro, o air bag ainda estava, em 1992, muito distante dos brasileiros, apesar da sua comprovada eficácia na proteção que oferece ao usuário. A ausência do equipamento no mercado nacional esbarrava diretamente no alto custo, embora a Bosch tivesse a tecnologia necessária à produção do componente do país.

No mercado internacional, porém, o air bag é amplamente utilizado desde os anos 80, equipando modelos top de linha. Na década de 90, começou a ganhar espaço também em veículos menos luxuosos. Prova disso aconteceu em 1992, quando, nos salões do automóvel de Paris (França), Birminghan (Inglaterra) e Berlim (Alemanha), os modelos Golf, Vento e Passat, produzidos pela Volkswagen AG, foram apresentados ao público equipados com a bolsa de ar inflável.

A marca alemã chamou a atenção dos visitantes ao lembrar que o air bag, atuando em conjunto com os cintos de três pontos, representava o que existia de mais avançado, àquela época, em termos de segurança veicular oferecido pela indústria automobilística mundial. Ao lançar os três modelos equipados com air bag, a Volkswagen tornou-se primeira empresa a desenvolver uma metodologia para instalar o componente de segurança também em automóveis usados.

A montadora deu início a um programa, ainda em outubro daquele ano, de instalação de air bag também em velhinhos, a um custo bastante atraente. Na Europa, uma oficina especializada VW/Audi executava o serviço em apenas 80 minutos. O air bag do motorista – com unidade de controle e lâmpada indicadora de eventuais defeitos – era fixado no centro do volante. O do acompanhante, por sua vez, era alojado próximo ao porta-luvas.




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