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Rodízio de caminhões deve elevar preço em 3%
15/07/2008 | 07:26
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O possível arrefecimento no ritmo de alta da inflação no segundo semestre pode ser ameaçado por um aumento de preços de até 3%, que poderá ser causado pela restrição do tráfego de caminhões no centro expandido da Capital paulista.

Analistas consideram, por outro lado, que será a lei da oferta e da demanda que determinará a viabilidade desses repasses. De todo modo, a questão merece atenção, já que São Paulo, sozinha, responde por 36% de toda a inflação nacional.

A restrição da circulação dos caminhões no Centro de São Paulo entrou em vigor no dia 30 de junho e obedece ao Decreto 49.637. Por essa determinação, fica restrita a circulação de caminhões na ZMRC (Zona de Máxima Restrição de Circulação), uma área de 100 km² do centro expandido da cidade de São Paulo, de segunda a sexta-feira das 5h às 21h e aos sábados das 10h às 14h.

A pior previsão é feita pela Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção). Segundo o presidente da entidade, Cláudio Elias Conz, a medida elevará em mais de 200% o preço do frete, de R$ 40 a tonelada para R$ 123. "Trata-se de um componente de preço", afirma o executivo, alegando que um aumento desta magnitude no preço do frete se traduzirá em reajustes de 1,50% a 3% para o consumidor, considerando que o custo do transporte é 15% dos produtos finais.

Conz explica que, enquanto um caminhão normal leva 20 toneladas, um VUC (Veículo Urbano de Carga), categoria que está autorizada a circular na ZMRC desde que obedeça ao rodízio, carrega 3,8 toneladas. "É uma questão matemática. Para uma mesma entrega, agora preciso fazer de três a quatro viagens. E isso não é alarmismo", calcula o presidente da Anamaco.

O presidente da Anamaco diz que o lado bom do transporte de cargas à noite é o baixo índice de congestionamento, o que pode elevar a produtividade. Porém, ele lembra que, justamente por ser noite, há um aumento no custo de 50% a 100% com segurança. "Nossa maior preocupação é com as 2,3 mil lojas de pequeno porte que ficam nesta região e que já começam a sofrer com o desabastecimento", diz o presidente da Anamaco. Isso porque, segundo ele, a indústria que produz os materiais de construção está fora da cidade de São Paulo.

O sócio-diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, concorda que o rodízio de caminhões deve provocar aumento de custos. Sem entrar na discussão sobre se a medida é boa ou ruim, ele observa que São Paulo tem 10 milhões de habitantes em torno dos quais tem uma logística para a distribuição, principalmente de alimentos, e que será alterada em função do cumprimento da determinação. "Isso vai levar ao aumento dos preços de remédios, alimentos e materiais de construção", diz.

Para ele, as empresas que estão dentro da área cujo trânsito de caminhões está restrito, terão que investir em estocagem. "Como estamos em uma economia com juros altos, o custo de se carregar estoques torna-se mais alto", afirma.

Na avaliação de Daoud, esse não é o momento de se colocar mais um elemento inflacionário na economia. "Isso seria o mesmo que colocar mais lenha na fogueira", avalia.

O presidente do Conselho de Administração da Drogaria São Paulo, Ronaldo Carvalho, afirma que o rodízio representa um problema para as 100 lojas mais um depósito da rede que estão no centro da cidade.
Ele acha um exagero dizer que a medida levará a um aumento generalizado de preços, mas diz que parte dos descontos, de até 20%, com os quais a rede concede para os remédios hoje poderá ser retirada.




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