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‘Amor pela cidade, amor pelas pessoas’

Ana Carolina Serra, Primeira-Dama de Santo André e deputada estadual

Mariana Gutierrez
02/12/2024 | 09:00
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FOTO: André Henriques/DGABC


Idealizadora do Fundo Social de Solidariedade de Santo André, a primeira-dama e deputada estadual Ana Carolina Serra (Cidadania) relembra o início da trajetória com a renovação do projeto na cidade. Após oito anos da reabertura, a parlamentar celebra o sucesso de iniciativas como o Banco de Alimentos, os programas Moeda Verde e Moeda Pet, as lojas solidárias, a criação de eventos beneficentes, como o Natal Solidário e o Arraiá, além da reformulação da Feira da Fraternidade e projetos de capacitação profissional que contribuem com pessoas em situação de vulnerabilidade.

RAIO X

Nome: Ana Carolina Rossi Barreto Serra
Aniversário: 14 de abril 
Onde nasceu: Santo André
Onde mora: Santo André
Formação: advogada, professora e mestre em Direito das Relações Sociais
Um lugar: Casa
Time do coração: São Paulo
Alguém que admira: Dona Ruth Cardoso
Um ivro: Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach
Uma música: O Trenzinho do Caipira (Tocata) (quarto movimento da Bachiana brasileira nº 2), de Heitor Villa-Lobos
Um filme: Sociedade dos Poetas Mortos
 

O Fundo Social de Solidariedade foi reativado oito anos atrás na cidade de Santo André. O que te moveu para reiniciar este projeto?

Foi em 2016, na verdade, finzinho de 2015, com a pré-campanha do meu marido, quando a gente estava pensando no que poderia melhorar em Santo André. Ele estava fazendo um trabalho de escuta ativa da população, que chamava ‘Santo André da Gente’. E eu fui estudar um pouquinho sobre o papel da primeira-dama. Eu me inspirava muito no trabalho da dona Ruth Cardoso, até por ter estudado direito social. E da própria dona Lu Alckmin. Então, eu também queria colaborar com a minha cidade. De que forma eu poderia fazer isso? E foi aí que fui percorrer as entidades assistenciais, porque não achei justo eu abrir o Fundo Social de Solidariedade, que já existia no papel, apesar das poucas ações, ou quase nenhuma para dizer assim, e concorrer com as entidades assistenciais, que trabalharam e trabalham ainda com muito afinco, ajudando as pessoas. Eu não queria que o Fundo Social fosse um concorrente. Então, fui estudar essas entidades assistenciais, conhecer quais eram elas e quais eram os trabalhos que o Fundo Social poderia ajudar a desenvolver dessas entidades assistenciais. Nós fizemos, digo nós porque não fiz sozinha, esse mapeamento das entidades assistenciais, entendendo o que cada uma fazia, e o que ela poderia esperar do poder público. O que elas esperavam de uma gestão diferente? E foi aí que eu entendi que, mesmo com muita dificuldade financeira, elas tinham também muita criatividade para driblar a situação. E por que não o Fundo Social fazer o mesmo? E foi assim que nós pensamos em reabrir o Fundo Social de Solidariedade, cuidando dessas entidades, trazendo cursos de capacitação para as pessoas que precisam, trabalhando muito mais a inclusão das pessoas vulneráveis em sociedade, porque a vulnerabilidade muitas vezes ela não é só econômica, mas pode ser uma vulnerabilidade social.

E qual é o balanço que a senhora faz hoje, após todos esses anos dos programas?

Eu até me emociono de lembrar do começo, do diálogo com as entidades, de que muitas não acreditavam em como isso poderia ser efetivo, como isso poderia dar certo, e devagarzinho a gente foi mostrando. E aí veio a ideia da Feira da Fraternidade, de também ajudá-las em dinheiro, não só com itens, porque a gente sabe que quando se fala muito de política, receber doação em dinheiro é algo muito complicado para o político, para essa prestação de contas. Então, nós sempre priorizamos as doações em itens, e foi daí que nasceu a ideia, não só da loja solidária, mas da reabertura do Banco de Alimentos e tudo mais. Então, os itens eram muito mais fáceis de a gente receber e de repassar conforme a necessidade. E aí, essa segurança das pessoas, né. O crédito no trabalho da política pública social foi crescendo a ponto de a gente ter, então, agora, a Feira da Fraternidade, a Feira do Natal Solidário, o Arraial Solidário, em que a Prefeitura é só um meio, é só um caminho para que as pessoas possam ajudar também financeiramente as entidades.


Durante todo esse período, muitas vidas foram impactadas. Quais são as histórias que mais chamam a sua atenção?

Olha, muitas histórias chamam a atenção. E muitas de superação a gente fica muito feliz em ouvir. São da transformação da vida das pessoas por meio dos cursos que fizeram no Fundo Social de Solidariedade. E que isso impactou não só economicamente a vida delas, mas socialmente. Assim, isso trouxe bem-estar para as pessoas, trouxe a oportunidade que precisavam para se incluir na sociedade, para se sentir capaz de produzir. Então, a gente fica muito feliz! A gente tem histórias de cabeleireiros, de cursos de sobrancelha, de depilação, de padaria, como o caso da Sandrinha que foi emblemático, porque ela montou a própria padaria no lugar onde mora. Enfim, eu fico até emocionada de lembrar, mas principalmente na vida das crianças. Quando a gente leva as doações, ou as entidades vão buscá-las para as crianças, isso impacta bastante. E tem um caso muito emblemático que eu recebi um vídeo de uma mãe me agradecendo porque ela tinha recebido cestas que nós preparamos na pandemia e preparamos até hoje. Ela gravou um vídeo emocionada porque ela não tinha papel higiênico. Os filhos estavam pedindo e ela não tinha dinheiro para comprar. Quem fez aquela doação, talvez não tivesse e talvez não tenha até hoje a dimensão do que aquele pacote de um item tão simples para a gente no dia a dia, pode ter causado na família e para aquela mulher naquele dia. Então, são muitas histórias, muitos programas. E eu acredito que mudou também culturalmente a cabeça do andreense.

Quando pensamos, por exemplo, nos programas Moeda Verde e Moeda Pet, percebemos que eles não ajudam apenas economicamente. Como a senhora vê essa relação entre dar mais visibilidade às pessoas em situação de vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, aos animais?

É interessante. A ideia do Núcleo de Inovação, dentro do meu trabalho em conjunto com a Ana Cláudia (presidente do Fundo Social) e toda a equipe, é trazer as pessoas para participarem ativamente da vida na cidade. Resgatar a sensação e a ideia de pertencimento, de que elas também fazem parte do município, tanto quanto nós, que estamos à frente de trabalhos de gestão e cuidado. Esse cuidado, porém, é responsabilidade de todos. Os programas Moeda Verde e Moeda Pet têm um papel essencial, já que os pets também são parte de nossa vida em sociedade e precisam ser reconhecidos. Essas iniciativas incentivam a participação das pessoas, seja por meio de doações, das lojas solidárias, das feiras ou da cena cultural, que voltou a se fortalecer. É muito bonito ver que esse processo começa com as crianças, com a educação ambiental sendo trabalhada de forma leve e acessível. Qual é o impacto do Moeda Verde? É difícil mensurar, porque ele é multilateral. Ele transforma a vida das pessoas na comunidade, tornando o local mais limpo e trazendo segurança alimentar para famílias, com alimentos de qualidade nutricional. Chegamos à 29ª comunidade atendida e estamos prestes a alcançar a 30ª em Santo André. Quantos alimentos já foram doados?

Bom, durante esses anos também foram lançadas as lojas solidárias.Como essas doações foram impactadas, principalmente fora das campanhas?

A gente ficou muito feliz com a parceria dos shoppings e a aceitação deles, sempre de forma muito tranquila, em dividir com o poder público essa responsabilidade social de compartilhar um espaço conosco para que as pessoas levem a sua doação. E eu, inclusive, como frequentadora desses espaços, fico emocionada quando vejo o carro da Prefeitura indo lá retirar as doações, porque são muitas roupas, muitos brinquedos, muitos itens que vão fazer a diferença na vida das pessoas. E é isso. Hoje em dia, quando a gente está lá organizando a nossa casa, vê que tem alguma coisa que não nos serve mais, que não nos cabe mais, pensa: para onde eu levo? Então, você pode deixar nesses pontos de arrecadação. Inclusive, também queria muito agradecer à Coop por essa parceria, porque, agora, as lojas solidárias também não estão apenas nos shoppings, mas também na Cooperativa.

A respeito da Escola de Ouro, qual é o balanço que vocês têm, principalmente em relação à geração de empregos e à formação de jovens?

A Escola de Ouro foi uma ideia de agrupar todos os cursos de capacitação fornecidos pela Prefeitura. E nisso nós percebemos que os cursos de capacitação, eles podem ser cada vez mais diversos, porém respeitando a vocação da cidade, ou seja, a vocação econômica da cidade. Isso nos possibilitou conversar cada vez mais com as pessoas que geram emprego em Santo André, fazendo com que cada vez mais as pessoas se tornem capazes de produzir e também de viver dessa produção, desse trabalho. A gente tem a emissão de 91 mil certificados durante todo esse período da Escola de Ouro e isso não significa que 91 mil pessoas passaram, porque muitas vezes, a pessoa pode fazer um segundo curso para se aprimorar.

Qual sentimento define esse trabalho realizado durante os oito anos?

Amor, não tem outro.Amor pela cidade, amor pelas pessoas. De cuidado!

Quais são as expectativas para o Fundo Social agora com o governo do (prefeito eleito) Gilvan (Junior)? 

De continuidade e crescimento. São muitas ideias ainda que nós não conseguimos tirar do papel. E vemos que, com essa política sendo cada vez mais efetiva e conhecida das pessoas, encontramos um apoio maior para o desenvolvimento do Fundo Social de Solidariedade.




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