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Rocha Mattos acusa PF de sumir com fitas sobre caso Celso Daniel
Do Diário OnLine
12/03/2004 | 18:27
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O juiz João Carlos da Rocha Mattos acusou a PF (Polícia Federal) de ter "sumido" com as gravações de diálogos entre integrantes do PT (Partido dos Trabalhadores) ocorridos na ocasião da morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, em janeiro de 2002. Em depoimento aos deputados federais da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pirataria, nesta sexta-feira, o magistrado disse que as fitas eram ilícitas e, por isso, não pode usá-las em um eventual processo judicial.

Acusado de envolvimento com venda de sentenças judiciais e com o crime organizado, Rocha Mattos esclareceu a polêmica envolvendo as fitas. Ele reconheceu que pediu a degravação das fitas pela Polícia Federal, mas voltou atrás ao entender que os agentes federais não seriam os mais indicados para o trabalho.

Segundo Rocha Mattos, as fitas foram então encaminhadas à Justiça para que fossem destruídas. Dias depois, no entanto, ele recebeu um ofício da desembargadora Teresinha Caserta requisitando as provas. Como elas já haviam sido encaminhadas para destruição, ele disse ter enviado à desembargadora um ofício informando sobre a destruição.

Rocha Mattos disse que só tomou conhecimento das fitas novamente depois que sua ex-esposa Norma Regina da Cunha relatou estar sendo acusada de defender o PT ao esconder as provas em sua casa. Segundo o juiz, sua ex-mulher chegou a ouvir alguns trechos das fitas e disse que se tratava de coisas "muito sérias".

Nessa ocasião, as fitas reapareceram e foram apreendidas na banheira da casa de Norma Regina. O juiz acusou a Polícia Federal de tê-las buscado especialmente para pegá-las. "Eu acho que a diligência foi aproveitada para sumir com essas fitas. Eu acuso frontalmente a Polícia Federal de ter feito isso", disse.

Há informações de que as fitas trariam novas denúncias sobre o assassinato do ex-prefeito de Santo André. No entanto, nada foi confirmado. Em depoimento à CPI da Pirataria, em dezembro de 2003, Norma admitiu ter conhecimento das fitas, mas se negou a falar sobre o conteúdo das gravações. Na ocasião, ela disse que estava sendo ameaçada de morte e não deveria revelar o que teria ouvido por questões de segurança.

O presidente da CPI, Luiz Antônio de Medeiros (PL-SP), disse que o juiz foi evasivo em seu depoimento. Segundo o deputado, o crime organizado tem proteção de alguns setores do judiciário. "Não sei como um homem desses ficou tanto tempo como juiz, apesar de todas as acusações que recaíam sobre ele", acusou.

Lobão - Com relação a uma suposta ligação com Eleutério da Silva, conhecido como Lobão, Rocha Mattos deixou claro que conheceu o contrabandista de cigarros apenas na custódia da Polícia Federal.

O juiz também negou ter liberado aproximadamente 500 caixas de cigarros que haviam sido apreendidas. De acordo com ele, na época da apreensão ele não tinha a informação de que a empresa Búfalo Branco era de propriedade de Lobão.




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