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L I V R O S. São Caetano, migrante e imigrante. Diadema, limitada e incompetente?

Os autores nasceram no Grande ABC e ampliam significativamente a bibliografia do Grande ABC

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
11/11/2024 | 08:00
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FORMAÇÃO ANDREENSE

“Memórias, memórias! Fiquei ali ouvindo meu tio... do loteamento inicial em 1938 e posterior em 1950, surgindo assim Vila Vitória, Vila Luzita e bairros vizinhos. Onde temos o terminal de ônibus na Vila Luzita, na época eram apenas jardineiras”.

Texto inicial de Cristina M. Garcia, escritora nascida em São Bernardo, para o volume 2 de “Poemas da Cidade”, série da Editora Coopacesso, 2015, livros de cabeceira desta página Memória.

No ano que antecede a realização do 16º Congresso de História do Grande ABC, São Bernardo 2025, Laerte Scartozzoni e Wagner Santana lançam duas obras que podem e devem servir de pauta aos memorialistas da região.

SÃO CAETANO HISTÓRIA

A família Scartozzoni ganha um livro belíssimo, escrito por Laerte Scartozzoni. É um misto bem conectado de memória oral, lembranças pessoais e muita pesquisa. O resultado é a montagem da árvore genealógica da família.

Mas até que a árvore seja apresentada, Laerte faz uma verdadeira viagem pela Itália do século XIX e o Brasil – e São Caetano – do século XX.

O autor descreve a Itália e sua unificação. E a decisão extrema de Benedetto e Maria Anna, que numa noite de outubro de 1891 resolveram emigrar e enfrentar uma viagem de 30 dias de navio rumo ao Brasil distante.

Por si só a saga dos Scartozzoni justificaria o livro. Laerte Scartozzoni vai além, ao descrever a própria história italiana. A crise enfrentada pelo País. A propaganda da América em busca de mão-de-obra.

Chama a atenção a história de um professor, Andrea Scartozzoni, o “Maestri D’Itália”, o mais velho professor em atividade no País com 90 anos.

Histórias, personagens, aventuras e muitas citações compõe o livro. “Eram frequentes as visitas que o padre Ezio fazia à família e à fábrica de móveis dos Irmãos Scartozzoni”, relata o autor.

Os ofícios de marcenaria e carpintaria, em Cologniola ai Colli e depois em São Caetano, ilustram bem a sobrevivência dos Scartozzoni. E servem de cenário para uma série de casos relatados.

“Em 1943 São Caetano era a cidade das rosas, dos jardins floridos e dos portões com telhadinhos que marcavam uma fase do namoro naquele tempo”, descreve Laerte.

E “Memória” coloca-se a imaginar: os telhadinhos ainda encontrados no bairro Fundação, não seriam obra dos marceneiros Scartozzoni?

São Caetano tem à mão uma obra de 500 páginas em tamanho ofício, quase todas ilustradas; vale muito conhecer em espaços como a Fundação Pró-Memória e as bibliotecas locais. Um modelo a ser seguido por tantas outras famílias, e não apenas as italianas.

Crédito da capa 1 – O brasão da família idealizado por Laerte Scartozzoni e Estela Della Coletta

DIADEMA LTDA – livro 1

Wagner de Santana Lima, economista nascido em Diadema, descendente de nordestinos e que fez o Senai, escreve um livro crítico e cultural (Diadema: Editora Dáblio, 2024). Um bom livro, diga-se.

A crítica vai registrada na capa, direta, “na medalhinha”, em que descreve a sua cidade como limitada e incompetente. O cultural avança em 120 páginas repletas de boas informações, com o Grande ABC e a Grande São Paulo presentes.

A história das terras que atualmente são ocupadas pelo Município de Diadema remonta-se oficialmente a partir da concessão da sesmaria Borda do Campo ao bandeirante Bartolomeu Fernandes de Faria pelo governador da Capitania de São Vicente. 

Até meados das décadas de 1940 e 50, as cidades do Grande ABC que mais se desenvolveram estavam ligadas ao eixo ferroviário Santos-Jundiaí. Assim, São Caetano, Santo André e Mauá ganharam importância nesta época.

Neste livro repleto de quadros com tabelas estatísticas, Wagner Santana avança criticamente em relação aos dias atuais e encerra sua descrição chamando a atenção para a continuidade da obra.

(...) é comum o poder executivo e o legislativo ficarem de costas para a população, haja vista o descontrole das contas públicas e falta de planejamento, transparência e comunicação com a sociedade. Porém são assuntos que serão abordados com mais detalhes e particularidades no livro 2 de “Diadema Ltda”.

Crédito da capa 2 – Aerofotogrametria de Vila Conceição; Canva Pty Ltd a partir de Geoportal Memória Paulista. Distrito de Diadema, 1958. Na contracapa, Vila Nogueira e Jardim Casa Grande

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Quinta-feira, 10 de novembro de 1994 – Edição 8854

MANCHETE – Tribunal Regional do Trabalho julga abusiva a greve dos motoristas.

ELEIÇÕES 94 – Em campanha do segundo turno ao governo estadual, Francisco Rossi fazia corpo-a-corpo no Grande ABC e dizia desprezar o apoio dos prefeitos; Mario Covas, com o apoio dos prefeitos, desfilava ao lado de Lula e quase encontra com Rossi na Rua Coronel Oliveira Lima.

GRANDE ABC – Fórum pela Cidadania do Grande ABC criava banco de dados eletrônico para empresas.

SANTO ANDRÉ – Começava a 17ª Feira da Bondade da APAE na sede da Associação Paulista de Cirurgiões dentistas, na Vila Guiomar.

DIADEMA – Prefeitura inaugurava o trevo Diadema, entre o quilômetro 16 da Rodovia dos Imigrantes e o corredor trólebus. Obra envolve a via expressa Diadema, São Bernardo, Santo André, o chamado Corredor ABD.

EM 11 DE NOVEMBRO DE...

1904 – Do correspondente do “Estadão” na Estação Rio Grande (da Serra): sabemos que o capitão Manuel Marques, subdelegado de polícia, e o tenente Luiz Ferreira, 1º suplente, pediram exonerações dos cargos.

1909 - Lei municipal instituía um tipo uniforme para os passeios públicos do Grande ABC, então Município de São Bernardo.

1954 – “Estadão” se preparava para a entrega do Prêmio Saci de Cinema e Teatro. “O Cangaceiro”, produção master da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, de São Bernardo, era eleito a melhor fita do ano. 

Destacava-se um outro filme da Vera Cruz, “Sinhá Moça”, estrelado por Eliane Lage e Ruth de Souza.

MUNICÍPIOS BRASILEIROS

Vinte e sete cidades celebram aniversário em 11 de novembro, entre as quais Areia Branca (SE), Naviraí (MS), Massaranduba (SC) e Mangaratiba (RJ).

São Martinho de Tours

11 de novembro

Viveu no século IV (316 –397). Militar, monge e, mais tarde, bispo da Cidade dos Turões (atual Tours, região central da França).

Ilustração: Franciscanos (divulgação)




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