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Marcelo reconhece que ser vitrine do PT impõe mais responsabilidade

Prefeito reeleito de Mauá será o único chefe do Executivo do partido na região metropolitana e um dos quatro no Estado de São Paulo

Anderson Amaral
31/10/2024 | 22:35
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FOTO: Andre Henriques/DGABC

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A partir de 1º de janeiro de 2025, os olhos do PT (Partido dos Trabalhadores) em São Paulo estarão mais atentos a Mauá. O prefeito Marcelo Oliveira (PT) reelegeu-se no 2º turno com 54% dos votos válidos contra 46% de Atila Jacomussi (União Brasil) e, com isso, a cidade passará a ser a única administrada pelo partido na Grande São Paulo e a maior das quatro nas quais a sigla venceu no Estado – as demais são Matão, Santa Lúcia e Lucianópolis, o que fará do município uma espécie de ‘vitrine’ do modo petista de governar. Marcelo reconhece que, com o resultado, cresce a visibilidade, mas também a responsabilidade, que já seria naturalmente grande por administrar um município do porte e com as carências de Mauá.

“O resultado das eleições no Estado de São Paulo impõe uma responsabilidade além do que é governar Mauá. Nós já éramos, em número de habitantes, a maior cidade administrada pelo PT em São Paulo. Porém, como tínhamos outras do mesmo porte, não havia tanta visibilidade que certamente teremos agora”, disse Marcelo, em entrevista ao Diário.

Apesar da derrota em Diadema, onde Taka Yamauchi (MDB) impediu a reeleição de José de Filippi Júnior (PT), Marcelo comemorou os resultados do partido nas eleições deste ano, ressaltando o aumento no número de vereadores (de 2.668 em 2020 para 3.130 neste ano) e de prefeitos (de 183 para 252 na mesma comparação) no País, mas considera que os extremismos prejudicam o debate de propostas.

“Minha avaliação – que vale para Mauá, mas também para o País – é a seguinte: o prefeito reconstrói a cidade, recupera as finanças, melhora a zeladoria, reforma os equipamentos, mas parte da população não olha para isso, mas sim para seu partido e, sem te conhecer, aponta em você os mesmos defeitos que, na verdade, estão no seu adversário. Foi o que aconteceu em Mauá”, disse o petista. “Então, tem uma parte da população que é extremista e outra que não tem interesse nenhum na política, mesmo sabendo que todo mundo faz política o tempo todo, até mesmo dentro de casa.”

Marcelo entende que o programa Nossa Rua, lançado em meados de 2021 pelo então governador João Doria para asfaltamento nas cidades paulistas, melhorou a vida das pessoas no Interior e ajudou os prefeitos a se reeleger. No Estado, segundo levantamento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), 73% dos prefeitos que disputaram o segundo mandato tiveram sucesso. “Para onde olhar você vê asfalto novo. Isso mexe com a eleição. O que foi feito lá atrás ajuda agora. A máquina tem muita força e, com uma administração que entrega e tem o que mostrar, tem mais força ainda”, disse.

O prefeito preferiu não comentar a derrota de José de Filippi, mas ressaltou que a situação financeira de Diadema é “muito parecida” com a de Mauá. “Não será fácil fechar as contas neste ano. Pode perguntar aos prefeitos. Todas as cidades passam por dificuldades porque o custeio aumenta muito rápido, mas as receitas não acompanham o crescimento. No caso de Diadema, há um problema adicional: o Instituto da Previdência do Servidor (Ipred), que judia demais das contas da Prefeitura e, eventualmente, até barra a emissão da Certidão Negativa de Débito, o que impede o município de contrair empréstimos. É um desafio enorme. São muitos pontos de dificuldade para governar que inviabilizam a reeleição”, defende.

Questionado sobre o que levou o PT a ter um desempenho tão ruim no Estado nas eleições deste ano, o prefeito de Mauá avaliou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – principal cabo eleitoral de prefeitos e candidatos petistas – ainda não teve tempo de entregar as obras anunciadas na terceira gestão. 

Além disso, segundo o petista, como o presidente lidera um governo de coalização, há investimentos do governo federal em cidades administradas por prefeitos de vários partidos, que nem sempre “creditam” as realizações ao chefe do Palácio do Planalto. “Prova disso é que há investimentos federais em todas as cidades do Grande ABC, talvez com exceção de São Caetano.” Como resultado, segundo Marcelo, a sigla acaba elegendo prefeitos de outros partidos e coligações.

A opinião é semelhante à da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, para quem o partido “paga o preço de estar em um governo de ampla coalizão”. 

Marcelo entende também que o PT precisa antecipar a definição de candidaturas majoritárias, para evitar que o partido “lance candidatos por lançar”. Nesse sentido, defende que os ocupantes de cadeiras nos Legislativos – sejam municipais, estaduais ou federais – sejam preparados para, no futuro, disputar o Executivo. “Os vereadores serão os futuros candidatos a prefeito. Eu tomo por mim: fui vereador por três mandatos e, depois, prefeito.”

CHORO

Marcelo Oliveira lembrou que o ex-prefeito Oswaldo Dias (1942-2024) o aconselhou a governar sem pensar na reeleição e chorou ao recordar a última reunião da qual o correligionário participou. “O Oswaldo, debilitado, disse: ‘Espero que Deus me permita fazer duas coisas: meu aniversário de casamento, em dezembro, e poder ver você ganhar as eleições’. Saindo de lá, ele começou a chorar do mesmo jeito que estou chorando agora. Naquele momento, disse para as pessoas: ‘Agora, nosso compromisso ficou muito maior. Depois, no carro de som, dediquei a vitória a ele.”




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