Corte paulista estima que sete cidades representem 4,1% dos resíduos
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O segundo turno da eleição municipal deve produzir menos degradação ao meio ambiente, prevê o chefe da Seção de Gestão de Sustentabilidade do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo), Fábio Marino. Nas últimas eleições municipais, de agosto a outubro de 2022, a correta destinação de materiais de propaganda para reciclagem passou de 1,8 tonelada. A partir deste dado, o departamento estima que, das 45 toneladas geradas em todo Estado, 4,07% vem da região.
“Sabemos que, na realidade, o problema pode ser muito maior”, reitera Marino. Ele explica que o processo é intermediado pelos cartórios eleitorais da região, que podem reter por meses o volume de papéis nos escritórios, sem prestar contas ao TRE-SP ou destinar a coleta devido ao conflito de agendas por picos de atendimento. “É por este motivo que criamos uma campanha que divulga mais de 600 cooperativas e associações de reciclagem diretamente para os próprios partidos, federações e candidatos. Talvez seja a maior iniciativa dos tribunais brasileiros, porque em Minas Gerais, por exemplo, mobilização similar foi feita, mas apenas em torno de 11 cooperativas. Outra comemoração para nós do TRE-SP, inclusive, é quando observamos nas propagandas a redução do uso de plásticos e a escolha por papel com certificação”, afirma.
De acordo com Marino, apesar da boa perspectiva, os números de resíduo eleitoral divulgados com base no Grande ABC ainda são uma fração pequena da realidade de lixo gerado em épocas de eleição. “Para além do que foi informado pelos cartórios, sempre tem uma parcela de partidos que possivelmente destina por conta própria as sobras para cooperativas, sem podermos contabilizar. Porém, infelizmente, a maioria do lixo eleitoral se perde nas ruas, o que inviabiliza saber qual é o real volume de lixo. A prefeitura pode coletar os santinhos depositados irregularmente nas vias. Porém, se houver chuva ou se aqueles papeis se misturarem a outros resíduos, a reciclagem não pode mais ser feita”, lamenta.
Para Marino, o triste é a atual conjuntura. “É só lembrar que, infelizmente, ainda há quem persista no crime e falta de estratégia de derramar centenas de santinhos no dia da votação pelas ruas”, reflete.
TENDÊNCIA
No TRE-SP desde 2005, Marino afirma ter observado uma redução dos gastos das verbas eleitorais com publicidade descartável: 90% passou a ser destinada apenas para propagandas digitais – o que também colabora com o meio ambiente. “Estimamos hoje que, nos pleitos, apenas 10% das verbas eleitorais usam papel, por uma questão estratégica: o custo para divulgar as candidaturas nas redes sociais é mais baixo e ainda alcança um público mais assertivo”, destaca.
Além disso, segundo ele, a pandemia consolidou a presença de 70% dos eleitores nas redes sociais, sendo o marco de 2019 decisivo para se observar uma migração digital também nas eleições. “Esta compreensão é fundamental, crescente e não volta mais. Nosso clamor não é só ambiental e para gerar menos lixo, mas para causar menos acidentes, como foi o caso da senhora que escorregou nos santinhos derramados nas eleições de 2012 em Bauru e morreu. A gente precisa evitar isso no Grande ABC e em todos os locais possíveis”, finaliza.
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