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Às vésperas da eleição que definirá o sucessor de Orlando Morando (PSDB) no Paço, São Bernardo se vê envolta em processo de impeachment que expõe faceta profundamente machista de sua administração, caracterizada pela falta de respeito à igualdade de gênero e pela imposição de liderança centralizadora e autoritária. O episódio que sustentou o pedido – o chefe do Executivo chamou uma moça de “vaca” em rede nacional de TV, dizendo que ela deveria estar cuidando de “um tanque de roupa suja” – é revelador de uma padrão, em que o tucano minimiza e desvaloriza a participação feminina nas instâncias de poder, preferindo relegar mulheres a papéis secundários ou estratégicos de fachada.
O fato de Orlando Morando ter escolhido uma mulher, Flávia Morando (União Brasil), sua sobrinha, como candidata governista, em uma aparente tentativa de amenizar sua imagem, não o exime das acusações. Pelo contrário, reforça ainda mais as suspeitas de que essa escolha tenha sido pautada não pela valorização de uma liderança feminina competente, mas pela conveniência de manter o controle administrativo da cidade. Sua parente, sem qualquer experiência relevante no campo político, parece ter sido colocada como peça decorativa, uma maneira de manipular o discurso progressista sem, de fato, abrir mão de sua influência sobre os rumos do município.
Tal manobra expõe a ironia e o cinismo de uma estratégia política rasteira que utiliza a mulher como “candidata” ao mesmo tempo que revela a ausência de qualquer compromisso genuíno com a representatividade. O machismo que permeia a gestão de Morando não desaparece com a indicação de uma figura feminina sem autonomia; pelo contrário, escancara um governo que, ao longo de seu mandato, tratou as questões de gênero como um simples artifício eleitoral. O episódio não apenas mancha o legado do prefeito, mas também coloca em dúvida a real intenção de abrir espaço para uma gestão mais plural e inclusiva em São Bernardo. Que o eleitor pense duas vezes antes de endossar tal desfaçatez.
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