A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) adotará, a partir de 2025, um sistema de cotas para estudantes com deficiência (PCD) nos cursos de graduação. Serão reservadas uma ou duas vagas por curso para PCD a até 5% do total de vagas oferecido, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tanto para candidatos de escolas públicas quanto de instituições de ensino privadas.
O candidato deverá informar o tipo de deficiência e anexar documentos médicos que venham a ser solicitados na inscrição. A partir daí, caberá à Comissão Permanente para os Vestibulares da Unicamp (Comvest) organizar uma junta de especialistas para fazer uma avaliação biopsicossocial do candidato e validar os documentos médicos apresentados. Essa junta será composta por profissionais especializados de áreas diversas.
O número de vagas de cada curso será divulgado no edital a ser lançado neste mês de outubro, informou a Pró-Reitoria de Graduação.
Pioneira
A Unicamp é a primeira das universidades estaduais públicas do Estado de São Paulo a adotar o sistema de cotas PCD. Já no sistema de ensino federal, os estudantes PCD têm um porcentual (variável de acordo com a unidade da federação) das vagas garantidas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa o Enem.
A decisão foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário (Consu) da instituição. "Hoje é um dia muito feliz para a comunidade acadêmica. Era um desejo da comunidade e desta gestão", disse a reitora em exercício da Unicamp, Maria Luiza Moretti, ao final da votação. "Trata-se de um compromisso enorme da Unicamp a partir de agora, mas vamos dar conta, podem ter certeza disso".
"Só teremos a real dimensão dos problemas que teremos de superar quando eles surgirem, mas posso garantir que haverá determinação para encarar cada um deles", afirmou o pró-reitor de Graduação da Unicamp, Ivan Toro. A Unicamp conta hoje com 123 alunos que pediram atendimento especializado para os órgãos de apoio da instituição, de acordo com dados da Diretoria Executiva de Permanência Estudantil (Deape). Destes, 90 têm transtorno do espectro autista.
A aluna do Instituto de Economia Bruna Bimbatti comemorou a aprovação da proposta, da qual participou da elaboração, e destacou o impacto que a decisão tem na vida acadêmica e profissional das pessoas com deficiência. "Essa decisão unânime representará uma diferença muito grande na vida de muitas pessoas, que a partir de agora passarão a se sentir pertencentes à universidade. São pessoas que poderão se sentir pertencentes ao mundo da pesquisa, pertencentes ao mercado de trabalho e pessoas que podem, muito bem, fazer a diferença na universidade também", diz.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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