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Roteirista do filme ‘Silvio’ revela processo de composição ao Diário

Nascido em São Caetano, Newton Cannito também é cineasta e escritor e acumula prêmios como APCA, ABRA e Emmy na carreira

Renan Soares
29/09/2024 | 08:53
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FOTO: Celso Luiz/DGABC

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O Grande ABC, historicamente conhecido por sua relevância industrial, hoje se destaca também como um polo de talentos artísticos que têm conquistado o Brasil. Entre esses nomes, Newton Cannito, cineasta, roteirista e escritor nascido em São Caetano, desponta como uma das figuras mais influentes do audiovisual nacional. Com uma carreira marcada por sucessos e prêmios, Cannito é roteirista da cinebiografia do apresentador Silvio Santos (1930-2024), que estreou este mês nos cinemas da região. Ao Diário, ele contou um pouco mais a respeito da produção do filme Silvio e sobre o momento do setor audiovisual no País.

O mais recente projeto do cineasta, que atualmente reside em São Bernardo, é justamente o roteiro da cinebiografia do dono do SBT, estrelada por Rodrigo Faro. A produção descreve o traumático episódio do sequestro que o empresário e apresentador enfrentou em 2001, revisitando não apenas o drama familiar, mas também fazendo revelações inéditas dos bastidores da vida de um dos maiores ícones da TV brasileira, que retorna ao passado por meio de flashbacks enquanto conversa com o autor do crime, Fernando Dutra Pinto. Sobre o projeto, Cannito reflete sobre o impacto das escolhas criativas e os desafios enfrentados durante a roteirização. 

“No caso do Silvio, fiz um recorte focado no sequestro porque achei que ali estava o coração do drama. Ele teve momentos de vilania como qualquer ser humano, mas o que me interessava era contar como ele resolveu a situação do sequestro, mostrando essa habilidade única de comunicação, quase como um superpoder”, comenta Cannito. “Apesar do conservadorismo, já que politicamente ele sempre apoiou os militares, culturalmente ele sempre deu espaço para a diversidade, de uma forma diferente, com autenticidade”, afirma o cineasta, que aponta a busca por equilíbrio entre o drama e a construção de um herói popular.

Cannito, doutor em Cinema e TV pela USP, conta que estuda muito, lê bastante e realiza diversas entrevistas em seu processo de criação, que envolve não apenas uma extensa pesquisa, mas muitas conversas. Ele revela que demora para estruturar suas ideias, principalmente para identificar claramente o que é importante em cada narrativa. No caso de Silvio, optou por focar no sequestro, pois acreditou que ali residia um grande interesse, e passou a utilizar a biografia do apresentador como base para construir o roteiro em torno desse evento, buscando as relações que ele teve ao longo da vida para compor a história. 

POLÊMICA

Além de sua contribuição ao cinema nacional com o filme Silvio, o cineasta é conhecido por produções que ajudaram a consolidar seu nome no mercado audiovisual, como Cidade dos Homens, Unidade Básica e 9mm, distribuídas em plataformas como Globoplay, Universal e Netflix. Com prêmios como APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), ABRA (Associação Brasileira de Autores Roteiristas) e até um Emmy, sua trajetória é marcada por visão que mistura pesquisa aprofundada, valorização da cultura popular e crítica incisiva à indústria. 

“O cinema quer polêmica”, afirma ele, defendendo maior diversidade de temas, estilos e gêneros no cinema brasileiro. “Hoje em dia não pode ter polêmica, porque temos um único modelo no mundo, e esse modelo é centralizado”, provoca. 

Cannito prepara agora o lançamento de seu próximo projeto para dezembro. De nome Utopia Brasil, o documentário mistura humor, empoderamento e questionamentos sobre a sociedade brasileira. Além disso, o roteirista coordena escola de audiovisual voltada a alunos em situação de vulnerabilidade. Já atende mais de 1.200 estudantes na região. 




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