Convidada, a governista não compareceu a mais um encontro de candidatos ao Paço de São Bernardo, e sua cadeira ficou vazia
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Os candidatos à Prefeitura de São Bernardo se reuniram ontem para mais um debate, o terceiro das eleições de 2024, desta vez promovido pelo g1. Novamente, a ausência de Flávia Morando (União Brasil) marcou o encontro. Convidada, a sobrinha do prefeito Orlando Morando (PSDB) recusou o convite do portal de notícias da Globo. Sua cadeira ficou vazia e a ausência foi criticada pelos adversários Alex Manente (Cidadania), Marcelo Lima (Podemos) e Luiz Fernando Teixeira (PT), que fizeram um debate com apresentação de propostas, troca de farpas e acusações entre si.
Mediado por José Roberto Burnier, o encontro começou com a informação de que “a candidata Flávia Morando foi convidada, mas não compareceu. A cadeira dela está vazia e assim vai ficar durante todo o debate”. O mediador ainda permitiu que os demais prefeituráveis fizessem uma pergunta que direcionariam à candidata caso ela tivesse comparecido.
Marcelo Lima iniciou sua participação criticando a ausência de Flávia nos três debates, afirmando que a atitude desrespeita os eleitores da cidade. “Por que você está fazendo isso com a população de São Bernardo?”, questionou. Alex Manente, por sua vez, lamentou não conhecer pessoalmente a governista. “Acho importante conhecer aqueles que se colocam como candidatos na nossa cidade para poder entender quais as perspectivas que essa pessoa tem para nosso futuro”, disse. Luiz Fernando abordou a suposta falta de experiência administrativa de Flávia. “O prefeito Orlando Morando disse que a senhora tem a experiência de tocar os supermercados da família, mas a senhora só entrou na empresa no dia 16 de maio, ou seja, nunca tocou a empresa. Que experiência tem para tocar São Bernardo?”, refletiu.
DIVERGÊNCIAS
Com a ausência da governista, o debate seguiu focado nas divergências entre os três candidatos presentes. Marcelo Lima destacou as iniciativas de mobilidade urbana de sua gestão como secretário e vice-prefeito, ressaltando a promessa de oferecer tarifa zero no transporte aos domingos. “Nos domingos e feriados, o trabalhador e a trabalhadora, ou o desempregado, poderão circular, aquecer a economia, levar o filho ao shopping, ir à igreja”, disse. Alex Manente rebateu, dizendo que, embora importante, a medida não é o que o trabalhador mais precisa. “Não é o essencial para quem precisa de transporte no dia a dia”, disse, ressaltando que a cidade tem de reduzir a tarifa do transporte.
Luiz Fernando atacou Alex e o associou à gestão João Doria, lembrando que o então governador desistiu de projetos importantes, como o da Linha 18-Bronze do Metrô, que ligaria a Capital ao Grande ABC. “Tivemos o metrô contratado. Faltava só o Estado entrar com a desapropriação. No governo Doria, o atual prefeito e os apoiadores, como você, retiraram o Metrô. O que o senhor tem a dizer a respeito?”, questionou o petista. Alex negou apoio ao ex-governador. “Apoiei Márcio França. Mais uma vez o PT mente e acha que vai passar impune”, disse o deputado.
Em outro momento acalorado, Luiz Fernando acusou Alex de corrupção. “Ele recebeu em duplicidade uma viagem aos Estados Unidos com a esposa, e só devolveu o dinheiro após ser denunciado”, disse. Alex, por sua vez, negou irregularidades. “Estive no Vale do Silício a convite e minha esposa, pedagoga, participou de um grande encontro sobre políticas públicas para a educação”, afirmou.
Marcelo Lima também teve de se defender de acusações de Luiz Fernando sobre sua cassação de mandato. “O senhor foi cassado e, mesmo como vice-prefeito, Morando não o escolheu. O que explica isso?”. Marcelo respondeu que o processo ainda está em andamento. “Tive um problema no TSE, mas a Procuradoria Geral da República deu parecer favorável a mim. A Justiça será feita”, afirmou.
Em contrapartida, Luiz Fernando foi associado à gestão de Luiz Marinho (PT, 2009 a 2016). “Estamos comparando o passado, presente e futuro. Eu participei do presente, e o candidato [Q (K]participou daquele grupo que governou São Bernardo por oito anos. Todas as obras que terminei diretamente trabalhando como secretário e como vice-prefeito o grupo do qual o senhor participou, na gestão passada, deixou obras inacabadas”, afirmou Marcelo Lima.
Alex Manente também questionou o petista em diversos momentos sobre sua associação com o governo Marinho. “Queria entender sua relação com a cidade. Como você fez sua participação no governo do prefeito Luiz Marinho, do PT?”, perguntou o deputado federal. “Nunca fiz parte do governo Marinho, trabalhei na campanha, mas nunca tive nomeação alguma. No período, era presidente do São Bernardo Futebol Clube”, respondeu Luiz Fernando. “O candidato não se define. Ele nega o governo do PT em São Bernardo”, criticou Alex.
O deputado federal também criticou a proposta do oponente do Podemos de criar a Secretaria da Mulher. “Sou a favor da defesa da mulher e a GCM (Guarda Civil Municipal) tem de ampliar, até porque já possui essa patrulha Maria da Penha. Sou contra criar cargos para que se faça política pública. É possível fazer isso sem criar novos cargos, novos custos. Temos de fazer a otimização da máquina para entregar o serviço de qualidade”, apontou.
Marcelo Lima se isentou de culpa em relação à crise na Saúde da cidade. “Eu saí da Prefeitura e me tornei deputado federal. Neste momento, não participei da gestão da Saúde, até porque não teria como participar da gestão no dia a dia”, afirmou. “Quando o governo vai bem, você fez sua parte. Quando o governo vai mal, você não participou”, cutucou Alex. Da mesma forma, o ex-vice-prefeito também devolveu as farpas. “O senhor está há 18 anos como deputado. Você, morador de São Bernardo, conhece algo que o deputado Alex tenha feito na prática que transformou ou mudou a vida de vocês?”, questionou.
Os candidatos também tiveram divergências em relação à proposta de Marcelo Lima em criar um cartão na Saúde para priorizar o atendimento aos moradores da cidade. “Na minha opinião, tem um processo de inconstitucionalidade. Qualquer pessoa que chegar, a Prefeitura é obrigada a atender em qualquer lugar do país”, ressaltou Alex. “O cartão de Saúde é (para ser usado) na UBS (Unidade Básica de Saúde), na prevenção, para dar atendimento prioritário a quem vive em São Bernardo. A UPA vai ficar 24 horas aberta para qualquer pessoa que precise do socorro”, rebateu Marcelo. “Infelizmente, é essa mesma fala do secretário da Saúde (Geraldo Reple) na Câmara quando foi convocado a responder sobre as mortes ocorridas no Hospital da Mulher”, relembrou o deputado federal, ao citar o caso noticiado pelo Diário em abril deste ano.
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