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RJ: traficantes mantêm hospital fechado
17/11/2004 | 22:53
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Mesmo com a garantia de policiamento reforçado, médicos da emergência do Instituto Estadual de Infectologia São Sebastião, no Caju, Zona Norte do Rio, decidiram nesta quarta-feira não reabrir o setor. Referência no tratamento de doenças infecto-contagiosas, o hospital fechou a emergência na última sexta-feira porque os profissionais temem traficantes da região. Eles exigiam atendimento imediato para qualquer caso. O hospital é cercado por 15 favelas.

A gota d‘água aconteceu na semana passada, quando um médico do Instituto foi agredido por duas mulheres que seriam de uma das favelas próximas. “Há relatos de médicos coagidos a atender pacientes baleados em confrontos com a polícia ou que chegavam com outros sintomas. Mas existem casos que não devem ser tratados nesse hospital”, disse Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos.

Por quase três horas, ele se reuniu no hospital com médicos, representantes da Secretaria de Segurança Pública, da Comissão de Saúde da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio) e da Secretaria Estadual de Saúde para debater o caso. Em assembléia à tarde os funcionários da emergência decidiram manter a unidade fechada.

A decisão foi tomada pouco depois de o subsecretário de Integração Operacional da Secretaria de Segurança, Paulo Souto, anunciar o plano para a região. Segundo ele, será montado um corredor de segurança nas ruas de acesso do bairro até a entrada do hospital com a presença de policiais militares. Quatro PMs ficarão no portão principal, na rua Carlos Seidl, por 24 horas. “Nossa presença será constante. Apresentamos um plano de segurança física para o hospital, que é uma referência”, informou Souto.

Mesmo com o policiamento na porta, ainda há médicos com medo. “Eu nunca fui ameaçado, mas sei que bandidos entram aqui. O clima é de insegurança”, disse o pneumologista Sérgio Neves, que trabalha há um ano no ambulatório.

Na segunda-feira haverá nova reunião para discutir a abertura da emergência. Enquanto isso, segundo Jorge Darze, os pacientes devem procurar outras unidades, até porque o Instituto São Sebastião enfrenta outros problemas. “Há falta de tomógrafos, de material de laboratório e o prédio está caindo aos pedaços”, afirmou.

Passagem – A fragilidade na segurança do hospital contribui para a entrada dos traficantes. Por isso, outra promessa da Secretaria de Segurança Pública foi fechar um acesso nos fundos, onde não há nem um portão. Por ali, moradores de favelas passam tranqüilamente, transformando as dependências do Instituto em atalho.

Pacientes e médicos convivem diariamente com pessoas cruzando o local de bicicleta e até com cachorros. Na hora do almoço, o problema se agrava com a grande movimentação de estudantes de escolas públicas. A dona de casa Ana Cristina Olegário, 23 anos, admite optar pelo caminho mais curto.

“Ao invés de dar a volta pela rua, passo por aqui. É mais perto para pegar minha filha na escola”, contou ela, no pátio do hospital.




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