Economia Titulo Irregularidade
Caruana é condenada por fraude contábil e leva multa de R$ 780 mil

Dono da financeira, Garcia Netto é suspeito de ser sócio oculto da Suzantur e de lavar dinheiro

Wilson Guardia
17/09/2024 | 07:45
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FOTO: Reprodução

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A Caruana S/A – Sociedade de Crédito foi multada em R$ 780 mil pelo BC (Banco Central) após ser condenada em processo administrativo que apurava fraude financeira. O caso foi revelado pelo Diário em setembro de 2023. A financeira pertence ao empresário José Garcia Netto, investigado por lavagem de dinheiro. Ele é suspeito também de ser possível sócio oculto da Suzantur, viação que opera em Santo André, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires.

Segundo documento disponibilizado pelo BC, e consultado pela equipe de reportagem do Diário, a empresa cometeu irregularidade ao “efetuar escrituração contábil em desacordo com a regulamentação vigente e, em consequência, elaborar demonstrações financeiras e contábeis que não refletem com fidedignidade e clareza a real situação econômico-financeira”. 

Em linhas gerais, a empresa, segundo a ação da autoridade monetária nacional, alterou documentos para demonstrar sua situação patrimonial diferente da real. As apurações identificaram que a Caruana renegociava débitos de clientes com o objetivo de simular o pagamento de operações concedendo carência elevada para pagamento de novos créditos e sem alteração de classificação de risco. Estas manobras, ainda de acordo com o BC, tentavam ocultar a insuficiência de recursos que levariam à empresa para a insolvência com provisão de perdas de R$ 143 milhões.

As fraudes começaram em maio de 2019, quando a Caruana constituiu provisão para operações de crédito – expectativa de valor de perda futura decorrente da provável falta de pagamento – inferior ao mínimo exigido pela regulamentação do setor. As movimentações, na análise do BC, foram praticadas por Fábio Kiyoshi Yakushiji, administrador da Sociedade de Crédito.

De acordo com a decisão dos membros do Copas (Comitê de Decisão de Processo Administrativo Sancionador), a Caruana recebeu multa de R$ 780 mil pela manobra contábil. Já Yakushiji fica proibido de administrar ou exercer cargo em órgão, empresa ou instituição supervisionada pelo Banco Central ou integrante do Sistema de Pagamentos Brasileiro, pelo período de quatro anos, Além disso, o executivo, foi multado em R$ 60 mil.

Questionado ontem pelo Diário, o BC confirmou as punições, mas disse que “não comenta casos específicos de instituições reguladas”. Informou, ainda, que cabe recurso da decisão ao CRSFN (Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.

INVESTIGAÇÃO

O empresário José Garcia Netto, dono da Caruana conhecido como Netinho no meio empresarial, está sendo investigado pela Polícia Civil pelo crime de lavagem de dinheiro. As autoridades também suspeitam que ele seja sócio oculto da Suzantur.

Inquérito policial que apura o caso corre no DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), na Capital. O Diário teve acesso a ofício expedido pela autoridade ao juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, responsável pelo processo de falência da Itapemirim.

Fundada em 1953 pelo empresário Camilo Cola (1923- 2021), a Viação Itapemirim foi uma gigante do setor de transportes rodoviários. Antes de decretar falência, em julho de 2022, faturava R$ 150 mil por dia. A massa falida foi arrematada pela Suzantur, cujo dono oficial é Claudinei Brogliato – a polícia desconfia que Brogliato seja um laranja de Garcia Netto.

OUTRO LADO

José Garcia Netto, Fábio Kiyoshi Yakushiji, Caruana e Suzantur foram procurados ontem pela equipe de reportagem do Diário para se manifestar tanto sobre a condenação do Banco Central quanto das suspeitas da Polícia Civil, mas ninguém se pronunciou até o fechamento desta edição – às 22h30. E-mails foram encaminhados oferecendo espaço para o posicionamento tanto das empresas quanto das pessoas físicas, mas nenhum deles foi respondido.




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