Vítima iria se mudar na segunda-feira (16), seguindo processo de desocupação do local considerado de risco
Um homem morreu carbonizado entre a noite de quinta e a madrugada de sexta-feira (13), em um incêndio ocorrido em uma moradia que fica no local conhecido como Galpão Eiji Kikuti, no bairro Cooperativa, em São Bernardo. Os bombeiros chegaram a ser chamados, porém, após o fogo na residência ter sido controlado, o corpo de Thiago Luiz de Oliveira, 38 anos, foi encontrado.
Ele e a companheira, Fatima Aparecida Estanaton da Silva, 56, que não estava no local no momento do incêndio, se mudariam na segunda-feira (19), seguindo o processo de desocupação da área considerada de risco – conforme publicado pelo Diário no último dia 4.
De acordo com o BO (Boletim de Ocorrência) registrado no 3º DP de São Bernardo, a irmã da vítima, Fernanda Aparecida de Oliveira, que também vive na comunidade, declarou que estava em casa quando percebeu o incêndio. Ela e outros moradores tentaram abrir a porta para verificar se havia alguém dentro da casa, mas as chamas já estavam muito altas no momento.
Fatima Aparecida, por sua vez, relatou que na manhã de quinta-feira (12) a energia elétrica no galpão foi interrompida depois que um indivíduo derrubou uma barra de fero na fiação. Ela afirma que passou o dia na casa de um irmão e retornou à comunidade por voltas das 19h, quando estava tudo escuro. Ainda de acordo com o depoimento, Fatima Aparecida teria encontrado o companheiro, que estava “bêbado e agressivo”. Ela então teria decidido voltar à casa do irmão, mas ao sair disse que viu Thiago “com várias velas na mão”, dizendo que iria para casa dormir.
Do lado de fora do galpão, a companheira da vítima disse ter ficado conversando com conhecidas por mais ou menos duas horas, quando moradores vizinhos vieram dizer que sua morada estava pegando fogo.
Após registro no 3º DP, a Polícia Civil requisitou a perícia do local e solicitou exame necroscópico da vítima.
CDHU
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) afirmou no início de setembro que cerca de 450 das 600 famílias que povoavam o Galpão Eiji Kikuti já foram retiradas do local, que é considerado de alto risco. O objetivo é realocar os moradores em novas moradias seguras e regularizadas, por meio do programa Casa Paulista, na modalidade de CCA (Carta de Crédito Associativo). O projeto prevê a construção de 600 unidades habitacionais em dois empreendimentos.
Segundo a CDHU, 296 famílias já formalizaram a compra de seus novos imóveis com financiamento facilitado. Para viabilizar essas aquisições, o governo estadual investiu cerca de R$ 121,9 milhões. Durante o processo de desocupação, equipes da companhia montaram uma base de apoio no local, oferecendo orientação e suporte às cerca de 150 famílias que ainda permanecem no galpão. Simultaneamente, as casas desocupadas vêm sendo demolidas para evitar novas invasões.
Diante dos perigos que a área apresenta – como incêndios ocorrido, além de alagamentos e desmoronamentos –, as famílias estão recebendo um auxílio-aluguel de R$ 600 mensais enquanto aguardam a conclusão das novas moradias, estimada em dois anos. Esse valor é dividido entre a Prefeitura de São Bernardo e a CDHU.
“O foco da companhia é combater o déficit e a inadequação habitacional em suas formas mais graves, e a nossa atuação no Galpão Eiji Kikuti é um exemplo muito importante de como estamos atingindo esse objetivo. A desocupação tem que ser feita de forma rápida. No caso do galpão, metade das famílias já assinou contrato e 75% já saíram da área de ocupação”, explicou Ticiane Costa D’Aloia, diretora de Atendimento Habitacional da CDHU, na ocasião.
O programa Casa Paulista na modalidade CCA permite que a CDHU adquira unidades habitacionais diretamente de incorporadoras e as financie para os novos moradores. O primeiro conjunto habitacional, já em fase de contratação, será construído na Estrada da Cooperativa, no bairro Alvarenga, e contará com 296 apartamentos de 50 metros quadrados, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. Um segundo empreendimento, com as mesmas características, aguarda a finalização da documentação para ter as obras iniciadas.
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