Em encontro com empresários da cidade, governador mineiro declarou apoio à candidatura do oposicionista ao Palácio da Cerâmica
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), reuniu-se ontem com o candidato do Podemos à Prefeitura de São Caetano, Fabio Palacio, e seu postulante a vice, Mario Bohm (Novo), para um encontro com empresários da região em um restaurante da cidade. As lideranças discutiram temas como o modelo de gestão adotado no Estado vizinho e a crescente dívida são-caetanense.
Zema lembrou o cenário de calamidade financeira que encontrou ao assumir o governo mineiro, em 2019. “Assumi um Estado literalmente quebrado. O que fizemos foi o que qualquer manual de gestão recomenda: enxugar despesas e buscar novas receitas, sem aumentar impostos”, afirmou o governador, aplaudido pelo público. Zema ainda destacou que, desde o início de seu primeiro mandato, Minas Gerais já atraiu mais de R$ 440 bilhões em investimentos privados e quer criar até 2025 um milhão de empregos com carteira assinada.
O governador ressaltou que, apesar da redução, o Estado ainda tem uma “dívida monstruosa” de R$ 160 bilhões – em um movimento inverso ao observado no valor da dívida de São Caetano sob a gestão do prefeito José Auricchio Júnior (PSD). Conforme o Diário apresentou em março deste ano, a dívida pública da cidade mais que dobrou entre 2021 e 2023. O crescimento foi de 126%, saltando de R$ 327,5 milhões para R$ 741 milhões no período. Atualmente, segundo projeção de Palacio, este valor chega à metade do orçamento anual da cidade, estimado em R$ 2,43 bilhões.
Zema reconheceu o potencial da cidade, mas ressaltou que uma gestão austera é essencial para reverter o quadro de endividamento. “A dívida do município é elevada para o tamanho da cidade. O que corrige isso é uma gestão austera”, pontuou.
Pensando nisso, Mario Bohm exaltou a gestão do governador de Minas Gerais como inspiração para São Caetano. “Zema atraiu bilhões em investimentos para um Estado que estava arrasado, mas está fazendo evoluir. É exatamente isso que precisamos para nossa cidade: simplicidade, transparência, honestidade e progresso”, afirmou Bohm, destacando que a eficiência administrativa é uma necessidade urgente para o município.
Fabio Palacio seguiu a mesma linha, elogiando o modelo de gestão adotado por Zema. “Minas Gerais conseguiu reduzir os gastos públicos, desburocratizar o governo e gerar mais eficiência, tudo isso com menos dinheiro. Esse exemplo do que Zema fez em Minas é o que precisamos em São Caetano”, disse. O podemista também criticou a administração atual – que, segundo ele, priorizou obras de infraestrutura não essenciais, enquanto setores como o da Saúde continuam enfrentando sérios problemas.
ACOMODAÇÃO
Fabio Palacio apontou também que manter o grupo – liderado pelo prefeito Auricchio e que tem as candidaturas de Tite Campanella (PL) e Regina Maura (PSD) a prefeito e a vice, respectivamente – no poder por 20 anos decorre de um discurso de medo imposto à população.
“Essa acomodação de um tempo muito longo no poder faz com que haja o entendimento de que, do jeito que está, está bom, é só seguir. Porém, nós não acreditamos nisso. Temos a total convicção de que é possível manter aquilo que já existe e vai bem, e corrigir tudo aquilo que não tem funcionado ao longo desses anos”, afirmou Palacio.
O prefeiturável ressaltou que São Caetano oferece uma gama de benefícios sociais que precisam ser mantidos e até ampliados, mas que há problemas urgentes na Saúde, educação e geração de empregos, que exigem atenção. “Não é porque isso (benefícios) existe que temos de fechar os olhos para os problemas. O sentimento que temos do grupo que está no poder é de que ‘está tudo bem e não queremos que você perca isso’. Porém, ninguém vai perder nada. Temos muito mais a entregar”, garantiu o candidato.
‘Sardano fará o que fiz em Minas’, diz governador
Antes de se reunir ontem com Fabio Palacio (Podemos), candidato oposicionista à Prefeitura de São Caetano, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), esteve em Santo André para participar de almoço com o vereador Coronel Edson Sardano (Novo), postulante ao Executivo andreense. Na ocasião, o governador mineiro disse que, caso Sardano ganhe a eleição, a gestão será semelhante à do Estado que governa.
“O governador Zema é um espelho para nós, uma referência. (Tê-lo aqui) é uma forma de demonstrar à população andreense que é assim que vamos caminhar”, disse Coronel Sardano. “Temos muita proximidade com o prefeito Paulo Serra (PSDB), mas o estilo do Novo de governar será pegar o que é bom e melhorar ainda mais. Só o Novo tem essa condição”, complementou o candidato.
Para exemplificar, Coronel Sardano revelou que, se eleito, pretende “enxugar a máquina” e prestar bons serviços, sem acordos, sem troca por cargos, sem toma lá, dá cá. “Vai ser uma gestão voltada exclusivamente ao bem-estar do cidadão”, finalizou Sardano.
Em seu discurso, Zema citou a construção de um Rodoanel Metropolitano ao redor da Grande Belo Horizonte e da linha 2 do metrô no Estado como investimentos feitos durante sua gestão. “Quem vai inaugurar essas obras será o próximo prefeito”, frisou. “Essas obras vão mudar por completo a região metropolitana, que há décadas não recebia nenhum investimento. Não serei eu que vou inaugurá-las, mas sim meus sucessores, porque agora é que estão sendo iniciadas.” O governador ainda citou que o Novo é um partido “que leva adiante as propostas”, e entende que isso o diferencia das demais siglas.
O evento também contou com a participação do prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB); de sua sobrinha, a prefeiturável Flávia Morando (União Brasil) e do postulante a vice, Luís Davanzo (Republicanos); dos presidentes do Novo em Santo André, Paulo Proieti, e em São Bernardo, Daniel Sanches; e de Ricardo Abílio (Novo), prefeiturável de Ribeirão Pires.
CRÍTICAS AO PT
Na oportunidade, Zema criticou o governo anterior de Minas Gerais, do petista Fernando Pimentel, e diferenciou a atuação do Novo da do PT. “Um governo que não tem responsabilidade com gastos, que só sabe multiplicar cargos, não é um governo que vai levar o Brasil na direção correta”, discursou, em crítica indireta ao adversário.
“Assumi um Estado caótico, arrasado. Tivemos prefeitos em Minas que renunciaram, que adoeceram e até que se suicidaram, porque em 2016, 2017 e 2018 tinham de administrar as cidades sem saber o quanto iriam receber. Uma situação que traumatizou o Estado. O funcionário público de Minas não tinha mais data para receber salário, não recebia o 13º. Um governo que deixou a área da Saúde sem medicamentos e as estradas sem manutenção.”
O governador ainda citou algumas medidas implementadas para corte de gastos, como diminuição de secretarias e de pessoal.
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