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Presidente da Nestlé acha 'ambiciosa' meta de 8% em 99
Do Diário do Grande ABC
07/07/1999 | 13:19
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O presidente da Nestlé para as Américas (Norte, Central e Sul), Carlos Represas, acredita que a meta de inflaçao de 8% para 1999, anunciada na semana passada pelo governo, é "um pouco ambiciosa, apertada". Ele trabalha com a perspectiva de uma inflaçao de 12%. "Entendo que o governo fixe objetivos ambiciosos", disse. A meta de 6% para 2000 é, segundo ele, mais fácil de ser cumprida. A Nestlé é a 16ª empresa em vendas no país.

Ao participar na manha desta quarta-feira do "Fórum Econômico Suíça-Brasil", promovido pela Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, Represas apoiou a mudança da política cambial brasileira, com a adoçao do regime flutuante. "Isso é uma grande mudança para o Brasil. É o caminho certo para a estabilizaçao econômica", afirmou, criticando a política anterior, de âncora cambial. "Quando a paridade é fixa, nao há outra forma de absorver choques externos que nao seja no emprego e no crescimento interno", ponderou Represas.

A partir da Suíça, onde trabalha, o presidente da Nestlé para as Américas acompanha a economia brasileira e se disse surpreso com a reaçao da economia após a desvalorizaçao. De acordo com ele, "conseqüências inimagináveis" eram esperadas para o país, elogiando, em seguida, o "bom trabalho" da equipe econômica brasileira.

"No próximo semestre, ou até em doze ou dezoito meses, o grande desafio está na reduçao das taxas de juro e na manutençao da estabilidade econômica", ponderou, esperando que o Brasil consiga ultrapassar a meta de 4% de crescimento do PIB no ano que vem. "Uma política fiscal dura e uma política monetária certa sao fundamentais para que se tenha empregos e aumento do poder aquisitivo." "A melhor via para aumentar as exportaçoes é aumentando as importaçoes", disse Represas, que teme a adoçao, pelo governo, de medidas protecionistas ao produto nacional, mesmo afirmando nao ter informaçoes de que isso esteja em discussao. "Quando se começa a falar em proteçao aonde está o limite?", perguntou, referindo-se à uma discussao genérica levantada por um dos participantes do Fórum. "O comércio externo é uma estrada de duas maos."

Investimentos - Após reunioes com o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e com vários ministros de Estado neste início de semana, o ministro da Economia da Suíça, Pascal Couchepin, disse que "os contatos confirmam a análise de que o Brasil está no caminho certo". Desde a adoçao do real, há um interesse maior de empresários suíços para estabelecerem negócios com o Brasil, que terá o papel de plataforma para os países do Mercosul, segundo ele.

Em 1997, os investimentos suíços no Brasil somaram US$ 6 bilhoes. O volume do comércio bilateral entre os dois países está na ordem de US$ 1,1 bilhao, de acordo com os dados divulgados pelo Fórum. A Suíça vende basicamente produtos químicos, farmacêuticos e máquinas de precisao, enquanto o Brasil exporta commodities agrícolas e metálicas. Neste ano, porém, a Embraer fechou a venda de 80 avioes (US$ 5 bilhoes), para uma empresa aérea suíça.

Couchepin reforçou críticas, apresentadas em Brasília, sobre a necessidade de revisao dos acordos e convençoes bilaterais Brasil-Suíça, que garantam a mesma forma de tratamento a todos os países que têm comércio com o país. Assim, por exemplo, ele citou um acordo, assinado em 1994 e que ainda espera votaçao do Congresso Nacional, que evita a bi-tributaçao de produtos suíços.




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