O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, venceu as eleições presidenciais
do domingo, 28. Com 80% das urnas apuradas, ele obteve mais de 5,15 milhões (51,20%), segundo
o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo. O candidato opositor, Edmundo
González Urrutia, tinha 4,4 milhões de votos (44,2%).
Encerrada a votação, a Venezuela prendeu a respiração à espera do resultado das urnas. Maduro
e oposição demonstraram confiança na vitória. No entanto, a campanha do opositor González
Urrutia, liderada por María Corina Machado, se queixou de que o chavismo havia interrompido a
transmissão dos resultados.
Segundo líderes da oposição, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que organiza as eleições,
não estava permitindo a presença de fiscais ou transmitindo as atas de votação. María Corina
pediu que eleitores fizessem uma vigília nas seções para evitar fraudes.
"Nenhum fiscal eleitoral deixa a seção sem a ata da urna. Nossas testemunhas têm o direito de
obter seu certificado. Esse é o momento mais crítico e o melhor modo de nos defendermos é
estando presentes na seção eleitoral. O mundo está conosco", disse ela, na sede do QG da
campanha.
Delsa Solórzano, uma das líderes da campanha opositora, também se queixou que o CNE estava
impedindo a entrada de representantes da oposição. "Disseram que era melhor eu ir embora em
nome da minha segurança", afirmou.
Com as atas emitidas ao fim da votação e a auditoria das urnas, a oposição esperava fazer uma
espécie de apuração paralela para comparar com os resultados a serem divulgados pelo CNE. O
temor é de que o conselho, aparelhado por funcionários chavistas, altere os resultados.
Na reta final da campanha, Maduro e seus aliados mais próximos afirmaram que respeitariam os
resultados "divulgados pelo CNE". Vladimir Padrino López, ministro da Defesa que recebeu do
ditador o título de "General do Povo Soberano", repetiu a afirmação de que o CNE era soberano
para decidir o que quisesse.
Padrino López, que é considerado um porta-voz dos quartéis, também embarcou no discurso
chavista de que a eleição serviu para "condenar as sanções criminais do imperialismo sobre a
República Bolivariana de Venezuela".
Para o cientista político venezuelano Xavier Rodríguez-Franco, o atraso na divulgação de
resultados seria uma repetição do padrão do chavismo nas últimas eleições, que segurou o
máximo que pôde a totalização dos votos e, ao mesmo tempo, usou milícias paramilitares para
provocar intimidação nas ruas.
"Apesar de o voto ser eletrônico e haver processo automatizado, tem sido sempre uma constante
a sequência de ações que parecem formar um padrão, especialmente quando há eleições que foram
competitivas", afirmou.
Analistas e opositores passaram os últimos dias especulando como Maduro tentaria reverter o
resultado em caso de derrota. No fim de semana, ele impediu a entrada de observadores
convidados pela oposição. Durante o período de registro, ele restringiu a inscrição de
venezuelanos no exterior, a maioria refugiados que detestam o regime. Cerca de 5 milhões foram
impedidos de votar fora da Venezuela.
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