Tabagismo, velhice e contato frequente com tintura ou fumaça de diesel são motivos para incidência da doença; região tem serviço referência
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O Grande ABC registrou 124 diagnósticos de câncer de bexiga durante 2023 – cerca de dez casos por mês. Neste ano, 41 pessoas já receberam laudo positivo apenas no primeiro semestre. Contra a doença, existe na região o serviço Cabem Mais Vidas, promovido na Faculdade de Medicina do ABC, que é referência de tratamento gratuito.
O tabagismo, a idade e o contato frequente com tintura e fumaça de diesel estão entre os principais fatores que causam a enfermidade. Esse mês é marcado pela campanha de conscientização para diagnóstico precoce de câncer de bexiga.
No Brasil, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima que a cada ano do triênio 2023-2025 sejam registrados 11.370 novos casos da doença.
“O cigarro tem uma quantidade enorme de substâncias toxicogênicas que predispõem desenvolvimento do câncer. Elas são absorvidas pelo pulmão, vão para a circulação sanguínea, são filtradas pelo rim e eliminadas pela urina. As toxinas ficam concentradas por bastante tempo ao longo do dia enquanto a bexiga armazena a urina. Esse contato afeta as células do órgão e aumenta a chance de desenvolver o câncer”, explica o médico uro-oncologista e professor Fernando Korkes, idealizador do projeto Cabem Mais Vidas.
O especialista reforça que pessoas acima de 55 anos têm mais chances de desenvolver a doença. “A exposição à tintura também é prejudicial. Profissionais que trabalham como cabeleireiros ou quem trabalha na indústria têxtil ou metalúrgica, que temos bastante no Grande ABC, têm maior risco de desenvolver câncer de bexiga.”
A presença de sangue na urina é o principal sinal da doença em estágio inicial. “É importante ressaltar que esse não é um sintoma definitivo para o diagnóstico do câncer de bexiga, uma vez que pode ser confundido com outras doenças do trato urinário, como as infecções urinárias, prostatites benignas e cálculos renais”, diz Pamela Carvalho Muniz, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
Em exames de ultrassom ou tomografia também é possível identificar nódulos no órgão. Se o câncer está em níveis mais avançado, a pessoa pode sentir dores na hora de urinar e na barriga.
“Até 80% dos pacientes com câncer de bexiga apresentam tumores superficiais, ou seja, de melhor prognóstico. As chances de cura são maiores quando a doença é descoberta em estágio inicial e quando não há comprometimento de camadas mais profundas”, reforça Pamela.
CABEM MAIS VIDAS
O Cabem Mais Vidas é um serviço porta-aberta e gratuito na Faculdade de Medicina do ABC. Criado em 2018, já auxiliou 300 pessoas diagnosticadas com câncer de bexiga.
“Esse é um centro de referência para tratar pacientes tanto do SUS quanto da rede privada. Auxiliamos qualquer pessoa de qualquer lugar do Brasil que tenha tumor nesse órgão com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas. Todos que trabalham no Cabem são voluntários. Damos orientações, oferecemos uma segunda opinião e fazemos cistoscopia (exame endoscópio das vias urinárias baixas)”,diz Korkes.
O ambulatório funciona toda quarta-feira, a partir das 7h30. A primeira avaliação não exige agendamento. “Ficamos até o último paciente, geralmente encerramos às 11h.”
INCIDÊNCIA
De acordo com Fernando Korkes, a pandemia modificou a análise sobre a incidência dos casos de câncer de bexiga. “Os números ficaram bagunçados. As pessoas que tiveram diagnóstico depois da pandemia estavam com a doença em estágios mais avançados. Vimos um efeito sanfona, com poucos casos em 2.000, e mais diagnósticos nos anos seguintes”, pontua o médico.
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