São Caetano formava um filho querido apaixonado pela cultura e que tanto contribuiria para o setor em sua cidade
Em companhia de Albino Martorelli
Texto: Oscar Garbelotto
Tanto quanto minhas lembranças conseguem voltar no passado, creio que tudo começou pela conduta de meus pais.
Meu pai (Arthur Garbelotto), até o falecimento de meu avô (Antonio Garbelotto), participava ativamente do teatro no São Caetano EC, em época que nós, menores, também acompanhávamos os pais nos eventos. Além disso sempre foi, desde muito jovem, assíduo frequentador dos teatros da Capital onde assistia óperas, operetas e grandes companhias teatrais.
Minha mãe (Thereza Piccolo Garbelotto), não perdia no rádio as músicas italianas de que tanto gostava. Foi nesse ambiente que fui criado nos primeiros anos de minha vida.
RIGOLETO E PROCÓPIO FERREIRA
Aos 12 anos, meu pai me levou ao Teatro Municipal de São Paulo, onde assistimos, na maior intimidade entre pai e filho, minha primeira ópera: “Rigoleto”, de Verdi.
No Teatro” Colombo”, no Brás, assistimos “Deus lhe Pague”, de Juraci Camargo. No papel principal, o maior ator da época, Procópio Ferreira. Do camarote, onde estávamos, meu pai explicava todos os detalhes de palco, que tão bem conhecia.
Foram dois momentos marcantes em minha vida. Impossível descrever minha admiração, empolgação, diante da beleza de um teatro como o Municipal e até mesmo do Colombo; dos imensos palcos, das encenações e da grande novidade para mim que era uma ópera, seus trajes, sua pompa, sua orquestra...
Para um adolescente que até então vira como “teatro” apenas o velho salão do São Caetano EC, posso dizer que foram as verdadeiras “portas” que me abriram definitivamente o mundo da cultura.
Daí para a frente meu interesse cultural criava novas oportunidades, novos amigos (sempre bem mais velhos que eu) e mais conhecimentos.
Em janeiro de l945 comecei a frequentar o Colégio Anglo-Latino, na Rua São Joaquim, Capital. Para lá chegar minhas conduções era o trem, até a estação do Ipiranga e após o bonde que pela rua Lavapés chegava na Rua da Gloria, esquina com São Joaquim.
MÚSICA CLÁSSICA, ORQUESTRADA
Neste trajeto tinha muitas companhias de São Caetano, entre as quais um grande amigo de meu pai, Albino Martorelli. Culto, um destacado ex-jogador de futebol do São Caetano e depois da Portuguesa. Ele, como outros filhos de italianos da época, era grande conhecedor da música clássica, particularmente das grandes orquestras e acabou por emprestar-me um disco com a obra de Tchaikovsky: “1822 – Epopeia Russa”. Escutei este disco dezenas de vezes e me encantei com a música e com o compositor (meu favorito até hoje).
Em l947, durante o grande movimento pró-construção do Hospital São Caetano, nossa cidade começou a receber grandes orquestras, em concertos para obtenção de fundos para a construção. Assim, com certa frequência, aos domingos pela manhã, o Cine Max era palco de um grande evento musical, ora pela Banda Sinfônica da Policia Militar, ora pela Sinfônica Estadual regida por Armando Belardi.
A Prefeitura, sempre para comemorar a fundação da cidade, patrocinava concertos da Sinfônica Estadual. Não é preciso dizer que eu não perdia nenhum dos espetáculos.
Antes de completar 15 anos posso afirmar que minha grande vocação pela cultura estava definida.
Crédito da foto 1 – Álbum familiar
O PEQUENO OSCAR. ‘Cultura, aspecto marcante em toda minha vida’
DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Terça-feira, 26 de julho de 1994 – Edição 8762
DIADEMA – Uma raposa selvagem era encontrada no pátio da empresa Brasimet, em Diadema. Só foi apanhada depois de três horas pelos bombeiros na Avenida Eduardo Ramos Esquivel. Encaminhada ao zoológico de São Paulo.
SAÚDE – Os 20 médicos residentes do Ambulatório Municipal de Oftalmologia e Otorrinolaringologia de São André entravam em greve. A falta de material para cirurgias foi a o principal motivo da paralisação.
Agenda para o sábado
Grande ABC e Você
Dia Mundial dos Avós: homenagem especial àqueles que nos precederam e a nossa gratidão. E viva os avós de Jesus.
Produção e apresentação: José Carlos Pereira, que fez história na Publicidade do Diário. Consultora musical: Marilza Cunha Pereira. Amanhã, sábado, a partir das 7h da manhã. Rádio ABC AM (1570) e FM 81.9.
FUTEBOL
165ª reunião do Memofut
“1994 – O Brasil é tetra: a conquista que recolocou a Seleção Brasileira no topo do futebol”. Palestra de Thiago Uberreich. Jornalista. Autor da “Biografia das Copas, o maior espetáculo da Terra no rádio, na TV e nos jornais”.
“Perrengues de um torcedor em sua primeira Copa do Mundo”. Palestra de Sérgio Paz. Historiador do Memofut.
“Jogos beneficentes: Nenê, Garrinha e Izidoro”. Palestra de José Roberto Fogazza. Historiador do Memofut.
No comando, o professor Alexandre Andolpho, coordenador do Memofut.
Amanhã, sábado, a partir das 8h30. Auditório Armando Nogueira do Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu.
EM 26 DE JULHO DE...
1904 – O polonês Miguel Volcko, de São Bernardo, era internado no hospital de misericórdia de São Paulo, depois de ter sido aqui “barbaramente” espancado.
Turim, 26 – Na noite passada os grevistas atacaram os bondes, ferindo diversos passageiros.
MUNICÍPIOS BRASILEIROS
No Estado de São Paulo, hoje é o aniversário de Areias e Sumaré.
Outros aniversariantes: Brasília de Minas (MG), Faxinal dos Guedes (SC), Luiz Correia (PI), Carneiros (AL), Cianorte (PR), Joca Claudino (PB), Mutuípe (BA), Poço Branco (RN) e São Lourenço do Oeste (SC).
HOJE
Dia dos Avós e Bisavós
Sant’Ana e São Joaquim
26 de julho
A liturgia de São João Crisóstomo refere-se a eles como "os santos Avós de Deus Joaquim e Ana". A devoção a Santa Ana ou Sant´Ana remonta ao século VI, no Oriente. No Ocidente data do século X. A devoção a São Joaquim é mais recente.
Ilustração: CNBB (divulgação)
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