Em celebração ao Dia do Rock, Carlos Prozzo, que produziu o evento realizado em 1996, e William Alves de Sá, fã da banda, relatam bastidores
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“Hello, Santo André”. Esta é a frase que ecoava no Clube Atlético Aramaçan, em Santo André, na noite de 10 de março de 1996. A saudação, dita por Joey Ramone, vocalista dos Ramones, lendária banda norte-americana de punk rock, foi o primeiro ato de um show que durou cerca 1h20, para um público estimado de 6.500 pessoas. A voz principal do grupo tomou conhecimento do nome da cidade graças a uma das poucas interações com os presentes no backstage daquele show, revela Carlos Alessandro Prozzo, que produziu o evento. “Ele foi o primeiro a entrar nos camarins e perguntou que cidade era essa”, revela.
Hoje na TXR Eventos, Prozzo, que tinha um programa na extinta rádio 97 FM, de Santo André, era dono da produtora Rockstrote e gerenciou os grandes shows promovidos na região. Entre eles estão Faith no More (1991), Deep Purple (1997), Emerson Lake and Palmer, além das bandas nacionais como Capital Inicial, Titãs, Ira!, Legião Urbana, entre outras. Na época, o show da banda de punk custou cerca de US$ 30 mil, além de pedidos para o camarim, como bolachas redondas, pistache e, depois do show, muita pizza.
No dia em que se comemorou o Dia do Rock (13), e o produtor recordou aquela noite. Antes do show, dois secretários da banda já preparam as araras de roupa com seis jaquetas. A formação que tocaria em Santo André era formada por Joey (vocalista), Johnny (guitarrista), Marky (baterista) e C. J. (baixo). O primeiro, optou por um camarim isolado, enquanto o segundo chegou ao local em um carro separado dos outros integrantes, sem interações com os funcionários do espaço e entre eles mesmos. Prozzo lembra que, em uma das visitas ao camarim, percebeu Joey visualmente debilitado.
“Não sabia se ele (Joey) estava doente ou louco. Joey e o Johnny não se falavam. Eles haviam brigado já tinha muito tempo. Lembro que o Johnny era bem autoritário, e o Joe, debilitado, com problema respiratório, parecia um robô bem alto. Ficou mais de meia hora fazendo inalação antes do show”, conta o produtor. “Apesar da treta dos dois, mandaram bem. Foi um grande show e a galera delirou”. Depois da apresentação, os integrantes atenderam fãs da produção para fotos.
DO LADO DE FORA
Enquanto Joey fazia inalação em um camarim isolado, do lado de fora, uma fila dava duas voltas no quarteirão para o aguardado show. William Alves de Sá, 45 anos, coordenador técnico, ficou sabendo da apresentação por meio de uma rádio e, sem dinheiro, teve que roubar da mãe para a compra do ingresso, que custava R$ 20. Os Ramones fariam apenas três shows no Olympia, na Capital, nos dias 11, 12 e 13 de março, mas a agenda foi estendida para Santo André, no dia 10, e Mogi das Cruzes, dia 8, os últimos da banda no Brasil.
“Liguei no Aramaçan algumas horas antes perguntando se tinha ingresso e como chegava no local. Moro na divisa de São Paulo com Santo André, na região do Sapopemba. Saí de casa, peguei o ônibus e comprei o ingresso na porta”, conta William. “Curiosamente, o assunto na fila não era os Ramones, mas, sim, os Mamonas Assassinas, que tinham morrido uma semana antes. Era uma comoção nacional, todo mundo na fila só falava da morte dos integrantes”. Ele revela ainda que muitas pessoas não entraram, por medo de confusões.
Do lado de dentro, William relembra a apresentação que, apesar de ótima, foi prejudicada por causa do som, que segundo ele, não estava com boa qualidade, fazendo com que até o fã mais fiel da banda tivesse dificuldades de decifrar, nos primeiros acordes, qual seria a faixa tocada. Apesar disso, ele lamenta não ter aproveitado mais e relata que, se pudesse voltar no tempo, teria curtido a apresentação de outra forma.
Este foi o único show dos Ramones que William viu ao vivo, e um dos relatos usados em sua página, feita em 2001, em homenagem a banda (@fansramones nas redes sociais e https://www.ramonesfans.com.br/ no site, além de podcast).
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