Marcado por históricas e profundas desigualdades socioeconômicas, o Brasil tem no Sistema Único de Saúde um de seus mais importantes instrumentos de inclusão. Cabe ao SUS a desafiadora missão de garantir acesso universal à assistência de qualidade à população.
O acesso, fundamental para o nosso bem-estar como humanidade, é centro das discussões contemporâneas, em especial se observamos a desigualdade gritante em diferentes partes do mundo. Aqui mesmo, no Brasil, enquanto uns recebem atendimento cinco estrelas, outros padecem em filas ou nem vivem para a consulta.
Ainda hoje, o subfinanciamento crônico e ineficiência no uso de recursos públicos são ameaças à saúde do sistema. O SUS, em condições adversas, vai em frente e amealha feitos incríveis.
Um rápido exemplo apenas: de março a outubro de 2023, foram realizadas 350.225 cirurgias em todo o país por meio do PNRF (Programa Nacional de Redução das Filas de Cirurgias Eletivas, Exames Complementares e Consultas Especializadas). O número corresponde a 72% da meta estipulada para o programa.
Sabemos todos que, por nossas dimensões continentais, são nítidas as dificuldades para a fixação de equipes em áreas remotas, diversas delas marcadas por conflitos inclusive. Independentemente de obstáculos, às médicas e aos médicos de família e comunidade sobra a convicção de que a saúde passa pela defesa de nossas florestas, das culturas e achados dos povos indígenas e ribeirinhos, ainda mais em um momento em que todo o Planeta sofre com eventos climáticos extremos.
Em 2025, a propósito, vamos todas as médicas e os médicos de família e comunidade para Manaus, Amazonas, realizar o nosso XVIII Congresso Brasileiro. Rodeados pela enorme Floresta, destacaremos a preocupação e o cuidado com a sustentabilidade do nosso, além de propor medidas para qualificar a saúde planetária e das pessoas.
Convém discutir a saúde do planeta, que engloba, é claro, seres não humanos. É tempo de examinar e mitigar os efeitos das nossas atividades no bem-estar dos ecossistemas que sustentam a vida, tendo em mente que aquilo que experenciamos localmente se interconecta com o que se passa no resto do mundo inteiro.
Zeliete Zambon é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.