Prefeito herdou R$ 192 milhões de déficit da administração de Paulo Pinheiro, em 2017, e elevou o número para R$ 555 milhões até abril de 2024
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A gestão de José Auricchio Júnior (PSD) à frente da Prefeitura de São Caetano elevou as dívidas do município em 188,4%, em valores nominais. Entre janeiro de 2017, primeiro ano da terceira gestão pessedista no Palácio da Cerâmica, e abril de 2024, o passivo passou de R$ 192,5 milhões para R$ 555,1 milhões.
Dados do Siconfi (Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro), mantido pela Secretaria do Tesouro Nacional a partir de dados fornecidos pelos próprios municípios, mostram que, em cinco dos sete anos completos da atual gestão, a Prefeitura registrou aumento da dívida consolidada.
Auricchio herdou uma dívida de R$ 192.458.983,80 da administração do ex-prefeito Paulo Pinheiro (União Brasil). No primeiro ano de gestão, Auricchio reduziu o passivo em 3,7% levando o montante para R$ 185,3 milhões.
Os aumentos da dívida começaram no segundo ano do mandato pessedista – que à época estava no PSDB. Ao fim de 2018, as pendências do município subiram para R$ 235 milhões, um crescimento de 26,8%. A elevação continuou nos três anos seguintes. Em 2019, a dívida subiu para R$ 255 milhões, 8,4%; em 2020, para R$ 296,9milhões, 16,4%; e em 2021, para R$ 335,6 milhões, 13%.
Após uma redução de apenas 0,1% entre 2021 e 2022, quando o passivo caiu para R$ 335,1 milhões, a Prefeitura apresentou o maior crescimento de dívida sob o comando de Auricchio. Em dezembro de 2023, o passivo subiu para R$ 579,9 milhões, o que representa um aumento de 73%.
Os R$ 551,1 milhões registrados até abril deste ano significam uma queda de 4,2% em relação ao fim do ano passado. No entanto, é uma alta de 188,4% em relação ao valor registrado quando Auricchio assumiu a Prefeitura. Com a correção da inflação, que é de 68% no período, os R$ 192,4 milhões do início de 2017 equivalem a R$ 323 milhões em 2024. Ainda assim, o crescimento da dívida do Paço foi de 77%.
A atual gestão de Auricchio tem se notabilizado pela assinatura de empréstimos – alguns internacionais – para realização de obras e reformas de espaços públicos da cidade. O aumento do passivo também pode ajudar a explicar o fato de o pessedista estar se desfazendo de autarquias – aprovou no fim do ano passado recentemente junto à Câmara projeto para extinguir a Fundação Anne Sullivan, que tinha quatro décadas de excelência no cuidado de pessoas com deficiência – e querer privatizar bens públicos, caso do Terminal Rodoviário Nicolau Delic, no Centro.
“É uma irresponsabilidade muito grande que o Auricchio deixa como legado e isso tem impacto diretamente na vida da população, porque é um investimento que não está sendo realocado para os reais interesses da população. Esse endividamento, no geral, tem a ver com as obras gigantescas que o prefeito tem feito”, criticou a vereadora Bruna Biondi, do mandato coletivo Mulheres Por + Direitos (Psol).
Uma das obras de mais polêmica é a construção do Parque Linear Kennedy, que está sendo construído no local onde ficava o Abrev (Associação Beneficente, Recreativa e Esportiva) Barcelona, na Avenida Kennedy. A Prefeitura assinou contrato com a Versátil Engenharia em outubro do ano passado, sob o valor de R$ 47,8 milhões. Em maio de 2024, menos de um ano do vencimento do acordo, o Paço autorizou um aditivo contratual que elevou as despesas com a construção do parque para R$ 57,2 milhões.
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