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O CPA/M-6 (Comando de Policiamento de Área Metropolitana 6), responsável pelo policiamento no Grande ABC, tem um novo comandante. O coronel Elizeu Sebastião da Silva Filho aceitou o desafio, antes de um período de licença, e já começa a planejar as ações para o comando. Em entrevista ao Diário, ele detalha as principais dificuldades já identificadas no CPA/M-6, como o diálogo com as prefeituras, fala sobre a carreira e explica como irá aplicar no dia a dia a experiência adquirida ao longo de 36 anos na corporação, com o objetivo de melhorar o combate ao crime nos sete municípios.
Nome: Elizeu Sebastião da Silva Filho
Idade: 55 anos
Local de nascimento: Capital
Formação: CPFO, CFO, CAO e CSP
Hobby: Cozinhar
Filme que recomenda: Fomos Heróis, de Randall Wallace.
Personalidade que marcou sua vida: O pai, Elizeu Sebastião da Silva.
Profissão: Coronel da PM e comandante do CPA/M-6
Onde trabalha: Polícia Militar do Estado de São Paulo
O coronel poderia contar sobre suas experiências na PM e por que ingressou nesta missão?
Minha trajetória é de 36 anos e quase seis meses de serviço. Começa no Grande ABC. Quando ainda aspirante, vim fazer estágio aqui. Trabalhei e estagiei por três meses no 24° Batalhão, em Diadema. De lá, fui para o 18° Batalhão, saí como primeiro-tenente e fui trabalhar na rua. Até o Centro de Inteligência, antigamente, era a Segunda Seção do Estado-Maior. Trabalhei na Corregedoria da Polícia Militar, no Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) como chefe de operação, onde fiquei por cinco anos e meio. Depois, fui para a Diretoria do Pessoal e voltei de novo para o 18°, no cargo de tenente-coronel, para exercer a função de comandante. E assim, com novos desafios, já no século XXI, no 18° tínhamos uma experiência anterior acumulada na carreira, fizemos um trabalho procurando atuar dentro do batalhão. Um dos pontos mais importantes é a parte de logística e conseguimos alguns êxitos. Transportamos isso para o 9° Batalhão e aplicamos essa visão de gestão, olhando de forma macro para a unidade, para conseguir melhorar. Na promoção a coronel, fui para a Zona Leste, no CPA/M-4, onde fiquei dois anos e meio, em uma região bastante populosa e grande, com características semelhantes ao Grande ABC, mas com um detalhe diferente: estamos muito mais próximos do poder público aqui do que lá. Aqui, por exemplo, temos sete prefeituras, o Ministério Público e Judiciário mais próximo, enfim, uma peculiaridade diferente que estamos conhecendo.
Como está a relação da PM com as prefeituras do Grande ABC? Ainda mais em tempo de eleições.
Não tive uma oportunidade de agenda nisso, mas é o que vamos buscar. Os prefeitos têm suas agendas próprias e queremos encaixar essas agendas. Veja bem: a Polícia Militar é uma instituição do povo, da sociedade, e quanto mais vínculo tivermos com órgãos públicos e com a sociedade, fica mais fácil compreender nosso trabalho e até mesmo ajudar. Vou dar um exemplo: o programa Vizinhança Solidária, que busca integrar a sociedade com a Polícia Militar do Estado de São Paulo. Ao nos aproximarmos tanto da Prefeitura quanto de outros órgãos, facilita-se o trabalho. Acho que é colaborativo, algo que é benéfico. Não é diferente em ano de eleição, porque a Polícia Militar é uma instituição independente. Precisamos estar próximos do poder público e continuar nosso trabalho, independentemente de eleições. O fato de ser eleição ou não, não muda em nada nossa necessidade de estarmos juntos para desenvolver políticas no sentido de ajudar a sociedade. Falaremos com todos os prefeitos, com todos os vereadores, temos que abrir esse canal para nos aproximar, e compreender melhor o papel de cada um.
Quais são as prioridades imediatas que o senhor já identificou na região?
Com os recursos que temos aqui no Grande ABC, de logística e de recursos humanos, vamos procurar fazer uma gestão que atinja o melhor potencial das unidades operacionais. É oferecer a essas unidades operacionais o que temos de melhor para poderem, no dia a dia do policiamento, corresponder às expectativas da comunidade. Temos uma equipe maravilhosa aqui no CPA/M-6 e estamos buscando alocar efetivos e entregar o que temos disponível para os batalhões daqui, visando um atendimento adequado para a sociedade.
O senhor mencionou um pouco sobre a diferença entre as regiões. Quais são os principais desafios do CPA/M-6?
Justamente esse contato com o poder público, a aproximação. No CPA/M-4, eu não tinha sete prefeituras como aqui. Precisamos de um canal dinâmico para diálogo, por isso essa necessidade de quanto antes fazermos uma reunião com os prefeitos, para podermos verificar cada município e sua peculiaridade, assim como cada batalhão. Uma companhia trabalha numa área central, outra numa área mais periférica. A peculiaridade e a demanda local acabam apresentando necessidades diferentes e isso exige um trabalho técnico. Temos que estar a todo momento avaliando a situação e procurando contribuir.
Como a sua experiência na Escola Superior de Sargentos influenciará sua abordagem na liderança do CPA/M-6?
A última área em que fui trabalhar na Polícia Militar foi no ensino. Eu não tinha trabalhado com desenvolvimento do profissional, de formação. Apesar de termos trabalhado em outras unidades, a formação do profissional do sargento é fundamental. A educação para a sociedade contribui para a mudança e melhora, capacitando-a para os desafios futuros. Eu não tinha trabalhado nessa área antes, e quando cheguei lá, tinha uma visão operacional das necessidades que tinha como sargento no dia a dia, comandando a tropa. Carreguei minha experiência e bagagem profissional, mas aprendi outras coisas, as principais são a educação, o treinamento e a formação, coisas que a Polícia Militar já faz há muito tempo, e é primordial. Aqui, vamos buscar verificar se há alguma deficiência nessa área de treinamento e de adaptação, e se é necessário mandar policiais para cursos de especialização, para trazer esse amadurecimento profissional. A minha passagem serviu para ampliar essa visão, enxergar e identificar dificuldades para promover treinamentos adequados.
Quando houve a troca no comando, houve incerteza sobre o senhor assumir ou não. Pensou em não aceitar o CPA?
Essa situação ficou sem explicação. Quando houve a troca no comando, eu vim para cá com um desafio. Tinha uma programação própria da minha vida particular em andamento. Cheguei aqui e, por isso, pedi um afastamento para resolver meus problemas pessoais. Fiz tratamento médico, e depois do tratamento, retornei sem pendências. Desde 1957, a Polícia Militar está na minha família. Meu pai, depois meu irmão ingressou como soldado da Polícia Militar em 1985. Em 1988, ingressei na Academia de Polícia Militar, no curso preparatório de formação. É uma história familiar, e eu faço o que gosto. Gostamos de usar farda, contribuir e servir ao ser humano, e a forma que achei de fazer isso foi como policial militar, como meu pai. Ao longo da vida, aprendemos muitas coisas e adquirimos experiência como seres humanos. Chegou um momento em que precisei parar e cuidar da minha saúde para poder comandar efetivamente.
Quais são suas metas em relação à redução de crimes violentos na região do Grande ABC?
As metas são estabelecidas pelo comandante da instituição. Logo que chegamos, identificamos algumas demandas nesse sentido. Os policiais militares, os comandantes, já vinham desenvolvendo um trabalho focado em reduzir os crimes violentos. A meta sempre é diminuir, é buscar esforços para ajudar as unidades a cumprir suas funções, promovendo a integração da sociedade com a polícia. A participação da sociedade é essencial, pois nem tudo chega pelos canais formais para nós. Às vezes, em reuniões do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança), surgem demandas diferentes que os comandantes precisam tratar. Essa integração ajuda a ter um controle melhor sobre as questões criminais tratadas pela instituição.
Que tipo de iniciativas ou programas comunitários você planeja implementar para fortalecer a relação entre a polícia e a comunidade local?
Planejamos melhorias e uma maior aproximação com a população por meio desses programas, como o Vizinhança Solidária e os Consegs. Por isso aproveito a ocasião para pedir que as pessoas busquem as companhias e desenvolvam os programas, esse trato do dia a dia, estar próximo e conversando com os cidadãos é de suma importância. A Polícia Militar é da sociedade, e a sociedade tem de fazer parte desse processo de contribuir e ajudar, enquanto nós damos um retorno.
Sobre as outras forças de segurança, como a colaboração com a GCM e a Polícia Civil interfere no sucesso do combate ao crime?
A palavra é integração, com troca de informações e trabalho conjunto. A busca é por essa integração e a participação de todos, porque todos ganham com isso. Não adianta fazermos trabalhos isolados, tem de ser conjunto, e vejo que o Grande ABC tem essa proximidade, pois estamos todos no mesmo espaço praticamente, e isso contribui e ajuda bastante. Eu acredito que a palavra-chave é integração.
Em relação à GCM, qual a sua opinião sobre o poder de polícia da GCM?
Entendo que o poder de cada polícia está definido. Cada polícia e cada guarda, dentro do seu papel, podem contribuir para melhorar a segurança. Tudo que venha agregar valor ao combate ao crime. Quem ganha com isso é o cidadão. É um trabalho difícil, mas se não houver integração com a sociedade, tudo se torna mais complicado. A sociedade precisa conhecer a Polícia Militar, compreender nosso papel e até onde vão nossos limites legais. Isso facilita nosso trabalho e a colaboração da comunidade.
Qual a sua expectativa para o comando do policiamento no Grande ABC?
Colaborar. Precisamos entender que em qualquer função, seja numa empresa ou na Polícia Militar, o objetivo é melhorar continuamente. Contribuir para o amadurecimento e a eficiência da função que estamos desempenhando. E é isso, contribuir para a melhoria constante para termos cada vez mais profissionais capacitados, treinados e formados para atender aos anseios da sociedade.
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