Falas do vereador contra Bruna Biondi embasam a denúncia do MPE
ouça este conteúdo
|
readme
|
Vereador de primeiro mandado e de perfil bolsonarista, o advogado Américo Scucuglia (PRD) tornou-se réu por violência política de gênero. O parlamentar de São Caetano foi denunciado à Justiça pelo MPE (Ministério Público Eleitoral) por reiteradas falas misóginas contra a colega de Câmara, vereadora Bruna Biondi (PSol).
A promotora Marisa Rocha Deshoulières sustenta, na ação penal, que Scucuglia teria agido de forma dolosa e humilhado a vítima “utilizando-se de menosprezo à sua condição de mulher, com a finalidade de dificultar o desempenho de seu mandato eletivo.”
A frase que embasa a tese da Promotoria, citada no processo acolhido pela Justiça Eleitoral de São Caetano, compara Bruna Biondi à ex-deputada federal Maria do Rosário (PT), alvo do então ex-deputado e, depois, presidente da República Jair Bolsonaro (PL) com destempero e machismo ao alegar que “não estupraria” a colega “porque ela não merecia”, concluindo seus ataques chamando-a de “vagabunda”.
Segunda a promotora, os atos de Scucuglia objetivaram que Bruna se “recolhesse pelo acanhamento e não rebatesse referida fala na tribuna, dificultando ou impedindo o exercício de seu mandato”.
Na ação penal, o MPE discorre que as falas agressivas de Scucuglia contra Bruna são reiteradas. Entre as falas proferidas por Américo na tribuna figura a que faz alusão a uso de maconha por parte da vereadora. “Eu acho que ela está no uso excessivo de cannabis para fins recreativos”, declarou. Em outra situação, o vereador fez comentário misógino durante fala pública. “Eu deixo aqui à vereadora Bruna uma foto minha para que ela possa levar para casa e sonhar comigo”, discorreu.
Marisa Rocha Deshoulières justifica ainda que as “ofensas reiteradamente praticadas revelam evidente caráter sexista e misógino, pois o denunciado se vale da mera condição de mulher da vítima para humilhar e menosprezar sua atuação parlamentar”.
A ação proposta pelo Ministério Público teve início após três representações da vítima, que comentou, ao Diário, sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres para ingressar na política por conta de desigualdade em um ambiente, historicamente, não feito para elas. “Ele (Scucuglia) e outros reproduzem a violência para nos adoecer e não permanecer neste espaço (político). O vereador vai ser investigado. Espero que a Justiça seja feita”, discorreu.
Américo Scucuglia foi procurado e, por meio de nota, se manifestou sobre os episódios narrados pela vereadora do Psol. “As respostas dadas por mim não passam de retórica às provocações realizadas por ela nos debates que ocorrem durante as sessões da Câmara. Os recortes publicados em suas redes sociais são puramente para fins eleitoreiros”, rebateu.
Para o parlamentar, Bruna não aceita ser contrariada. “A vereadora segue fielmente a linha da esquerda de se dar ao direito de subir no púlpito e atacar, com ofensas e suposições, aos que não compactuam com seus posicionamentos. Porém, quando tem uma reposta as suas provocações, que não são poucas, se vitimiza por ser mulher e acusa os outros vereadores de machismo”, discorreu.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.