Profissionais do Hospital em S.Caetano são contratados da CAP Serviços Médicos, quarteirizada da Fundação do ABC, que prometeu quitar atrasados hoje
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Uma dezena de médicos que atuam no Hospital Maria Braido, de São Caetano, denunciou que parte dos profissionais da unidade convive com atrasos de salário recorrentes. Os profissionais foram contratados pela empresa CAP Serviços Médicos, subcontratada pela Fundação do ABC, que gerencia a saúde do município. Procurada pelo Diário, a empresa reconheceu os atrasos nos vencimentos e prometeu quitar hoje o valor referente ao mês de maio.
A reportagem conversou com alguns médicos que, sob condição de anonimato, disseram que o atraso no pagamento ocorre desde dezembro de 2021. No entanto, com o passar dos anos, o tempo para o depósito foi prolongado, chegando a dois meses. Os profissionais alegaram que os colegas que mais reclamaram desta condição foram demitidos.
Ainda de acordo com os funcionários, a empresa não responde aos questionamentos sobre atrasos. Porém, em fevereiro, ocorreu uma reunião entre o financeiro da empresa e os médicos, na qual a CAP se comprometeu a efetuar pagamentos logo após o mês de trabalho e sempre no 5º dia útil do mês seguinte, isto é: os serviços prestados em abril seriam pagos no 5º dia útil de junho.
Nesta ocasião, os profissionais questionaram sobre o depósito do trabalho de dezembro, que ainda estava em aberto. Conforme o acordo, a subcontratada propôs dividir esse valor em três parcelas, a serem quitadas em março, abril e maio, juntamente com os pagamentos de cada mês. “Pedimos para a empresa fazer documento registrado em cartório (validando o acordo), mas não quiseram”, disse um dos médicos.
“Eles só fazem pagamentos na sexta-feira. Então, se o 5º dia útil é uma segunda-feira, a gente nem tem esperança de receber no dia. Sempre fica para sexta da mesma semana”, disse um médico. “Eles começam a pagar no fim do dia, para alegar que não deu tempo de pagar todo mundo e terminar os pagamentos só na segunda-feira”, apontou outro. “Os que não receberam na sexta que rezem, porque só Deus sabe quando vão receberer”, complementou.
A situação afeta o atendimento dos pacientes, segundo os profissionais. “Por conta dessa situação de falta de pagamento, há muitos furos na escala. Então, por diversas vezes chegamos ao plantão e a escala não está completa. Faltam médicos e nós temos de fazer o serviço de dois para não deixar o paciente desassistido.” Questionado, Daniel Aldhi, médico e proprietário da empresa, disse que “não há furos nas escalas, e quando isso ocorre, temos uma coordenadora que assume e eu também”.
Todos os médicos são contratados na condição de pessoa jurídica, sob contrato de sociedade participativa.
Daniel Aldhi confessou o atraso no salário de dezembro. “Tinha um gap no pagamento, e o que fiz como empresa: pagamos uma fatura e a outra, a gente deu uma parcelada nela para ficar tudo certinho”. Ainda segundo Daniel, não há pagamentos em atraso no momento. “O deste mês, que venceu ontem (segunda) e será pago amanhã (hoje), só não foi feito na data de hoje (ontem) porque a empresa estava com bloqueio judicial”, explicou.
O contrato da Fundação ABC com a prefeitura foi assinado em 2019 pelo valor de R$ 241.773.080 anuais. A última atualização que consta no portal da transparência é de dezembro de 2022, quando as partes firmaram termo aditivo que elevou o repasse para R$ 390.274.668,84.
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