Costume europeu, festa junina foi trazida ao País por portugueses e virou patrimônio cultural
Chegou uma das épocas mais animadas do ano. É hora de colocar o chapéu de palha, tirar a camisa xadrez do armário, ensaiar para a quadrilha e se deliciar com muita comida gostosa... é tempo de festa junina.
Mas, afinal, como e quando esse festejo surgiu? Isso quem contou para a equipe do Diarinho foi Andrea Maniga Quintas, 53 anos, há 17 professora da EME Alcina Dantas Feijão, em São Caetano, e pós-graduada em História do Brasil.
“Na Idade Média, na Europa, havia uma festa organizada pela igreja para comemorar o nascimento de São João Batista. Ela se chamava festa joanina. Essa festividade acontecia, principalmente, na Península Ibérica. Mais adiante, esse festejo ganhou a presença de mais dois santos: Santo Antônio e São Pedro. Assim, mudou-se o nome. Saiu o joanina e entrou o junina, por causa do mês de junho. Com isso, ela passou a ser um festejo comemorado praticamente durante o mês inteiro de junho, porque são três santos. Quando ela vem para o Brasil no século XVI, com a chegada dos portugueses, essa herança cultural é trazida para cá”, explica a professora.
Andrea ainda destaca que “com o passar do tempo, a festa foi se espalhando por todo o País, e ganhando suas particularidades de acordo com cada região”.
Vitor Segalla, de 12 anos, e Luiza Canto, de 7, são estudantes do Ensino Fundamental do Colégio Stocco, e afirmam em entrevista ao Diarinho que adoram uma boa festa junina. “Eu gosto muito, minha preferência na festa é dançar quadrilha, que ensaiamos na aula de educação física, e de comer espetinho”, relata Vitor. Já Luiza conta que sua família inteira participa do festejo: “O meu pai vai ao brinquedo em que você bate forte com o martelo, minha mãe vai à pescaria, minha avó vai ao bingo, meu avô fica com meu primo e eu fico brincando por aí. Gosto também de comer pastel”, detalha.
Luiza ainda revela que sua barraca favorita na festa é a de robótica, que é organizada pelo grupo da escola que Vitor faz parte. “Tenho aulas de robótica desde o 6° ano, e faz três anos que temos uma barraca na festa junina. Fazemos como se fosse um jogo de tabuleiro com os robôs. A pessoa joga o dado e tem que tentar adivinhar em qual casa o robô vai entrar. Quem for acertando ganha um prêmio” explica o garoto.
A professora Andrea Maniga, por fim, destaca a importância cultural que a tradicional festa junina tem para o Brasil. “É um dos eventos mais importantes da cultura brasileira, unindo tradições de diversos povos que contribuíram para a formação do nosso País. Temos influências portuguesas, espanholas e francesas, como a quadrilha inspirada na dança da nobreza francesa. Herança indígena e africana como o milho, base de muitos pratos típicos, que era cultivado pelos indígenas, e os instrumentos musicais que refletem a cultura africana”, diz.
Andrea também destaca a regionalidade da festa. “Cada região possui suas particularidades, como a festa caipira com roupas xadrez e botas no Interior de São Paulo e no Nordeste. Essa herança cultural vai passando de geração a geração, vai se aprimorando e agregando outros elementos, como a música sertaneja. Mas acho que a base mesmo é que ela se mantenha assim, com as bandeirinhas, as danças, as comidas típicas, e, culturalmente falando, é uma das festas mais importantes do País”.
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